Brasília – Do inferno ao céu em 24 horas. Apenas um dia após a divulgação do decepcionante desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, com queda de 0,5% frente ao trimestre anterior (apesar da alta de 2,2% em relação a igual período de 2012), a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, enfim, teve o que comemorar.
A produção industrial, que vinha apresentando resultados irregulares durante todo o ano, cresceu 0,6% em outubro. Foi a terceira expansão consecutiva na comparação mensal. Mais do que isso. Com a surpresa positiva, criou-se um fio de esperança no governo de que a recuperação da indústria enterre de vez o fantasma da recessão que assombra o Brasil. Caso houvesse uma nova queda do PIB no quarto trimestre do ano – possibilidade que ainda não é descartada por analistas de mercado – o país entraria tecnicamente num quadro de depressão econômica.
Em outubro, três das quatro categorias de uso pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram resultados positivos. Além de bens de capital, houve altas na produção de bens intermediários e de consumo e queda somente em bens duráveis. A comparação segmentada por ramos também foi favorável, mostrando alta em 21 das 27 áreas pesquisadas.
Uma retomada da indústria pode estimular o empresariado a desengavetar projetos de ampliação de fábricas e lojas. Com isso, o governo resolveria um segundo problema que tem afetado a economia brasileira: a carência de investimentos produtivos. No terceiro trimestre, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – taxa que mede a injeção de dinheiro feita por empresas, famílias e governo na expansão da capacidade produtiva – caiu 2,2%. Esse número tende a se recuperar, dizem especialistas, com as encomendas já feitas a indústrias que produzem peças e máquinas.
O governo aposta que a recuperação dos investimentos pode estimular toda a economia. “Para as fábricas, o período que vai de setembro a novembro é sempre muito bom em termos de encomendas, porque sinaliza a época de produção para as compras de Natal e ano-novo”, apontou o professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Reginaldo Nogueira.
SEM PRONUNCIAMENTOS
Os constantes ruídos na comunicação oficial da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff entraram de vez na pauta de preocupações do governo. Após as inúmeras divergências entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) sobre temas sensíveis como a gastança máxima de dinheiro público e esforço fiscal mínimo para cumprir a meta de superávit primário, ficou decidido que, a partir de agora, os comunicados do BC serão cada vez mais raros.