Cancelado na terça-feira pelo Ministério da Fazenda após vir a tona que seria usado como mais uma manobra contábil, o empréstimo da Caixa para a Eletrobras poderá ser efetivado em breve. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, não descartaram na quarta-feira, 04, a possibilidade de que essa operação seja realizada no próximo ano.
Segundo a Eletrobras, o empréstimo, no valor de R$ 2,6 bilhões, serviria para pagar dívidas de suas subsidiárias com um fundo setorial, a Reserva Global de Reversão (RGR). Mas analistas interpretaram o financiamento como uma forma de o governo abastecer o fundo sem emitir títulos públicos e, assim, piorar o resultado do superávit primário, que é a economia feita para pagar juros da dívida.
Augustin atribuiu o cancelamento a uma “desinformação muito grande” no mercado. O secretário insistiu que o empréstimo não tinha impacto fiscal. Mas não garantiu que a operação esteja definitivamente abortada. “No momento está cancelada. Hoje, está cancelada, porque estava causando tumulto desnecessário”, disse.
Zimmermann, que também preside o Conselho de Administração da estatal, defendeu que o empréstimo era vantajoso para a empresa. “Esse processo da Caixa era muito bom e tenho esperança de que saia em 2014. Torço para que saia”, afirmou. “Essa operação bancária beneficiaria a Eletrobrás, ao trocar um empréstimo com um determinado prazo por outro com prazo maior, carência maior e juros iguais.”
Enquanto a operação não é retomada, o governo terá que voltar a emitir títulos para abastecer a RGR e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). São esses fundos que bancam a redução de 20% da conta de luz, uma das principais bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff.