O presidente da Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta quinta-feira, 05 que tem "a palavra do ministro da Fazenda (Guido Mantega) de que teremos o aumento do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) em janeiro", uma referência à retomada da alíquota cheia do imposto para veículos automotores.
Moan disse, no entanto, que ainda não está definido se haverá a recomposição total da alíquota do imposto - reduzida em maio de 2012 e recomposta parcialmente em janeiro deste ano - e calculou que para cada ponto porcentual de alta na alíquota, o impacto será de 1,1% de alta nos preços de veículos. Como alíquota do IPI ainda segue indefinida, a alta pode chegar a 5,6% nos valores, levando-se em conta uma alíquota máxima de 7% para os automóveis até 1 mil cilindradas. "Todo aumento de impostos traz impactos", disse Moan.
Dados da Anfavea apontam que a redução na alíquota do IPI do setor automotivo, desde 24 de maio de 2012, gerou uma alta de R$ 6,8 bilhões na arrecadação de impostos federais e estaduais. A medida ampliou ainda em 1,35 milhão de unidades as vendas de veículos até 30 de novembro.
No caso dos impostos, a conta inclui a desoneração de R$ 4,9 bilhões do IPI subtraída do aumento de arrecadação R$ 11,7 bilhões no período, de PIS/Cofins (R$ 5,1 bilhões), ICMS (R$ 5,3 bilhões) e IPVA (R$ 1,3 bilhão). Já as vendas nos mesmo período, de 5,65 milhões de unidades, seriam 4,3 milhões se não houvesse a alíquota diferenciada do imposto, de acordo com previsão da Anfavea.
"Se não tivéssemos a redução do IPI, teríamos vendas menores e discordo que o volume de vendas seria artificial. Artificial é esse imposto alto", disse Moan. "As contas comprovam que a redução de impostos traz aumento da arrecadação na outra ponta", completou.
Exportação
O presidente da Anfavea disse ainda que o valor exportado de autoveículos e máquinas agrícolas automotrizes, de US$ 15,4 bilhões no acumulado de janeiro a novembro, já é recorde histórico para qualquer ano. "É o maior número que a indústria automobilística já exportou, mesmo considerando anos fechados (contra esse período de 11 meses)", afirmou Moan.
Estabilidade
Apesar da queda de 0,8% nas vendas acumuladas de janeiro a novembro de 2013, ante igual período de 2012, Moan afirmou que ainda acredita em uma estabilidade nos emplacamentos totais de autoveículos, se considerados os fechamentos dos dois anos, em 3 802 milhões de unidades. "Independente do desempenho de dezembro acho que teremos um empate técnico entre os anos", disse Moan. "Mas o volume é favorável e nos mantêm como o quarto maior mercado do mundo", completou
O executivo, no entanto, admitiu que "seguramente" a previsão de alta de 1% a 2% nas vendas em 2013 sobre 2012, para até 3,88 milhões de veículos, não será cumprida e classificou 2013 como "um ano bom, não excelente". Para 2014, Moan, que recentemente previu um crescimento na produção de 5%, recuou e evitou fazer comentários. "Eu já levei muita bronca após falar e prefiro ficar quieto agora. Teremos um número em janeiro", brincou. "Mesmo com o aumento do IPI, teremos um mercado bom no próximo ano".
A Anfavea manteve ainda a estimativa de alta 11,9% para a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, em 2013 ante 2012, para 3,79 milhões de unidades. As exportações em valores de autoveículos e máquinas agrícolas devem crescer 8,8% este ano, o que representa US$ 16 bilhões. Em volume, as exportações deverão crescer 20% este ano sobre 2012, para 534 mil veículos. A produção e venda de máquinas agrícolas devem crescer 13,5% e 18,4%, respectivamente.