Todos os produtos brasileiros barrados na fronteira da Argentina começam a ser liberados a partir da próxima semana. O anúncio foi feito pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, nesta quinta-feira, após o segundo dia de reunião com o governo argentino, em Buenos Aires.
A medida se refere especialmente aos 742 mil pares de calçados barrados há meses, com um prejuízo de US$ 13,2 milhões à indústria brasileira, de acordo com cálculo do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados, Heitor Klein. "Os calçados, com certeza, vão ser liberados a partir de agora. Todas as mercadorias que estão com problemas começam a ser liberadas a partir da semana que vem", disse Pimentel, ao sair da Casa Rosada, onde se reuniu com o novo chefe de Gabinete de Ministros (equivalente à Casa Civil), Jorge Capitanich.
A liberação ocorre a tempo das vendas de fim de ano, mas depois de a indústria brasileira ter perdido as vitrines do Dia das Mães, que na Argentina foi comemorado no dia 20 de outubro. Pimentel e o assessor especial do Planalto, Marco Aurélio Garcia já tinham se reunido ontem com Capitanich e os ministros argentinos de Economia, Axel Kicillof, e de Indústria, Débora Giorgi, além do secretário de Assuntos Técnicos e Legais da Presidência, Carlos Zanini. Na avaliação dele, as reuniões foram "muito boas, muito positivas".
"Está havendo, a nosso juízo, uma importante mudança na condução da política econômica na Argentina", disse Pimentel. "Acredito que é uma mudança positiva e acho que vamos avançar muito a partir de agora no diálogo com a Argentina", disse o ministro ao avaliar a saída de Guillermo Moreno do Gabinete de Ministros e a chegada de Capitanich, que tem um discurso de maior integração.
Pimentel afirmou que o pedido do Brasil para que a Argentina elimine as Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAI) - que funcionam como licenças generalizadas de importação - para os produtos brasileiros também foi discutido.
O ministro afirmou que a nova equipe econômica demonstrou que "tem a maior boa vontade de examinar estes procedimentos e nós temos que dar um tempo ao novo secretário para que ele possa examinar o assunto". O ministro reiterou que "o importante é que aquilo que estava incomodando mais aos nossos exportadores, especialmente os gaúchos, por causa dos calçados, foi resolvido".