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Estado de Minas

Venda de roupas cai e limita alta de preços

A expectativa do economista de que a inflação das roupas fosse maior se baseia em dois fatores. O primeiro fator é que em novembro entra no mercado o grosso da coleção de verão. O segundo é a proximidade do fim do ano


postado em 07/12/2013 09:35

Contidos pela queda nas vendas, os preços dos artigos de vestuário surpreenderam positivamente em novembro. No mês passado, eles subiram, em média, 0,34% na cidade de São Paulo, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Esse resultado é menos de um terço da inflação média do setor para o mês de novembro registrada nos últimos quatro anos (1 19%). Também está bem abaixo da obtida para o vestuário em novembro de 2012 pela Fipe (2,22%). “Eu esperava um inflação maior para o vestuário no mês passado, algo em torno de 0,80%”, afirma o coordenador do IPC-Fipe, Rafael Costa Lima.

A expectativa do economista de que a inflação das roupas fosse maior se baseia em dois fatores. O primeiro fator é que em novembro entra no mercado o grosso da coleção de verão. O segundo é a proximidade do fim do ano. Nessa época, há mais dinheiro circulando na economia, o que chancela com facilidade os aumentos de preços. Mas neste ano não foi isso o que se viu.


Segundo José Luiz da Silva Cunha, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), as vendas ficaram abaixo das expectativas em setembro e outubro, com vários dias de frio intenso no momento em que as lojas estavam preparadas com artigos para primavera. “Agora os lojistas decidiram reduzir as margens da nova coleção para poder girar com mais facilidade os estoques.” Em junho, com as manifestações de rua, o setor já tinha sido muito afetado, lembra.

Essa também é a avaliação do sócio da GS&MD, Alberto Serrentino, consultor especializado em varejo. “As empresas do varejo de vestuário estão mais agressivas em preços porque não atingiram resultados tão bons ao longo do ano e agora não podem perder a demanda.”

O consultor acrescenta que o comportamento do câmbio também ajudou a conter preços. Como se esperava um câmbio mais alto para o fim do ano, na faixa de R$ 2,60, que não se confirmou, as mercadorias importadas estão chegando ao mercado com preços em reais mais moderados. “A desvalorização do real não foi tão aguda”, diz Serrentino. Ele destaca que a participação dos importados no vestuário corresponde a 20% mercado. No caso das grandes redes varejista do setor, chega a 40% do total de itens.

“Este não foi um ano bom para o vestuário”, afirma Jean Nakdissi Jr., conselheiro da Associação dos Lojistas do Brás (Alobrás), polo de confecção, que reúne cerca de 5 mil empresas. Ele diz que tanto as lojas como as confecções acumulam estoques. Como o mercado não está tão aquecido, os empresários não se sentem seguros para aumentar tanto os preços.

Nas contas de Nelson Tranquez, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, polo de vestuário que reúne 1.600 empresas, as vendas do setor neste ano estão cerca de 5% menores do que as de 2012. “Todo mundo está enfrentando um mercado difícil, afetado pela alta da inadimplência e do endividamento.” A saída, segundo ele, foi reduzir as margens para vender. Em novembro, por exemplo, ele diz que os negócios melhoraram.

Fast fashion

Além do fator conjuntural, que foi o enfraquecimento nas vendas, Juliano Takano, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv), diz que uma parcela de movimento mais comedido dos preços dos artigos de vestuário se deve a uma mudança estrutural que há no setor.

Takano explica que o modelo de fast fashion, que é vender pequenas coleções em número de peças, que se renovam praticamente toda semana nas lojas, fez com que as grandes varejistas de vestuário trabalhassem com mais planejamento. E esse modelo atenua as grandes oscilações de preços porque não faz promoções para se livrar dos estoques, já as quantidades são pequenas e planejadas.

“O varejo está se profissionalizando”, diz Takano. Ele explica que essa tendência do modelo do fast fashion, com pequena oferta de produtos, também está sendo seguida por pequenas lojas do interior que se abastecem no atacado.


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