Dentro de sua estratégia de crescimento, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) está negociando a aquisição de ativos de geração das grandes indústrias brasileiras. A estatal tenta se aproveitar da falta de incentivos para a autoprodução de energia no Brasil após a publicação da Medida Provisória (MP) 579.
"Existem negociações em andamento", disse o diretor-presidente da empresa, Lindolfo Zimmer, sem detalhar projetos. A informação confirma a reportagem publicada pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na última terça-feira, sobre a tendência de os autoprodutores venderem ativos.
Segundo Zimmer, o governo federal havia concedido no passado alguns benefícios fiscais e setoriais para grandes indústrias fortemente dependentes de energia para que pudessem investir na autoprodução, construindo novas usinas. Com a MP 579, convertida na lei 12.783/13, as vantagens praticamente desapareceram.
"Não faz nenhum sentindo para mineradoras e siderúrgicas terem grandes investimentos em energia quando esse recurso poderia ser investido em seus próprios negócios", argumentou. Pelo modelo de negócio proposto nas conversas em curso, a Copel se comprometeria a fornecer energia para a indústria vendedora do ativo. Segundo Zimmer, esse tipo de arranjo já se mostrou bem-sucedido no passado e poderia ser replicado pela estatal. "Há casos já consagrados e já feitos no passado dessa forma. O próprio contrato de energia garante os financiamentos, e a usina fica com quem tem expertise em operá-la", explicou. "Cada macaco ficaria no seu galho."
No leilão
Zimmer confirmou que a Copel tem acordo com a estatal chinesa State Grid, a maior elétrica do mundo, para disputar a concessão da hidrelétrica de São Manoel, que será a única usina a ser licitada pelo governo federal no segundo leilão de energia nova de 2013. São Manoel, que será construída no Rio Teles Pires (MT/PA), terá 700 MW de capacidade instalada.
"Temos uma parceria consagrada com a State Grid que tem se mostrado uma grata surpresa até agora", afirmou. No momento, as duas empresas são parcerias em projetos de transmissão. Em 2012, ganharam a concessão do sistema de transmissão que fará a conexão das futuras usinas do Rio Teles Pires ao Sistema Interligado Nacional (SIN), e de uma linha de transmissão entre Bahia, Minas Gerais e Goiás.