(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Brasil paga caro por insistir em equívocos, diz Delfim Neto

Economista critica o fato de o Banco Central "namorar" o teto da meta de inflação, de 6,5%


postado em 08/12/2013 16:25 / atualizado em 08/12/2013 16:19

(foto: Leonardo Carvalho/Esp. CB/D.A Press)
(foto: Leonardo Carvalho/Esp. CB/D.A Press)

São Paulo — Um dos principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff, o economista Delfim Netto, que comandou os ministérios da Fazenda e do Planejamento no governo militar, acredita que o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que caiu 0,5% no terceiro trimestre, decorre de políticas econômicas equivocadas. Ele reconhece que há sérios problemas na área fiscal, que minaram a credibilidade do país, e alerta que a falta de investimentos produtivos é resultado de um longo período de valorização do real ante o dólar, fato que destruiu boa parte da indústria de transformação.

Apesar de todos os problemas, Delfim considera exagerado o pessimismo dos investidores e do empresariado em relação ao país. “A situação não está tão boa como o governo gostaria que estivesse, mas não tão ruim como se imagina”, diz. Para ele, o Planalto não deveria insistir em equívocos como o de manter a estatal Valec à frente dos projetos ferroviários do país. É essa a razão de as concessões na área de ferrovias ainda terem decolado. “A Valec é coisa para a Polícia Federal”, avisa. "Existe um desconforto com a inflação reprimida, que está em torno de 2%. Quando incorporar esse índice, o IPCA passará para 8% ou 8,5%”.

Delfim destacou ainda que a situação não é tão boa como o governo gostaria que estivesse, mas não é tão ruim como se imagina. "O grande problema desse governo é que ele não é socialista. Tem uma tendência espiritista. Não pode ver nada funcionando que põe um encosto”, disse.

Frustração com o PIB


O economista explicou que como estávamos com grande entusiasmo quando saiu o resultado do segundo trimestre (alta de 1,8%), entramos em um processo de desilusão com a queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. "Mas não podemos levar esse resultado como uma projeção. Tudo indica que terminaremos o ano com crescimento de 2,5%. A minha ideia é que, se o PIB do terceiro trimestre tivesse dado zero, terminaríamos com uma alta do PIB de 2,7%. Não esperava a queda (de 2,2%) no investimento. Isso me surpreendeu. Esperava, no máximo, uma estagnação. Enfim, a situação não é tão boa como o governo gostaria que estivesse, mas não é tão ruim como se imagina".

Falta de investimentos

Há muito tempo, os investimentos estão aquém do desejado no país. "Já faz 30 anos que não temos uma grande obra. Na verdade, havia uma carga tributária de 24% do PIB e se investia 5% do Produto. Hoje, temos uma carga tributária de 36% do PIB e não investimos nem 2% do Produto. Ou seja, na verdade, perdeu-se a eficiência do uso de recursos. Ainda não temos grandes projetos de infraestrutura. No passado, havia um imposto único sobre combustíveis e lubrificantes que financiava as obras públicas. Não faltavam recursos. Por isso, fez-se coisas como a Hidrelétrica de Itaipu e todo o resto que está aí", destaca.

É importante ressaltar que, no caso do transporte ferroviário, que o governo quer conceder à iniciativa privada, há um problema fundamental. "O modelo está errado, pois inclui a estatal Valec. Vou dizer com toda a franqueza. Não se pode pôr uma empresa como a Valec em qualquer coisa. A Valec é coisa para a Polícia Federal. O grande problema desse governo é que ele não é socialista. Tem uma tendência espiritista. Não pode ver nada funcionando que põe um encosto".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)