A perspectiva de um crescimento mais tímido nos próximos anos tem afetado as projeções de investimentos da indústria de transformação. Na Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação, pesquisa divulgada nesta terça-feira, 10, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), 19% das indústrias preveem investir menos em 2014 do que neste ano - sendo que, destas, 77% (ou 15% do total de empresas pesquisadas) esperam uma queda acima de 10% nesse quesito. Na projeção feita para 2013, 15% planejavam investir menos do que em 2012.
Para o economista, a guinada na economia ainda não é clara. Assim, o período mais tímido do investimento deve ser o primeiro semestre do próximo ano. Já os últimos seis meses de 2014 podem reservar indicadores melhores, caso haja alguma mudança nos fundamentos da economia. "Teremos desaceleração no primeiro semestre para voltar a ganhar força gradualmente no segundo semestre", aposta.
Enquanto isso, 47% das empresas industriais pretendem ampliar os investimentos em 2014. Um ano atrás, 50% das indústrias previam aumentar os gastos com investimento em 2013. "Não é o fim do mundo, mas é um sinal a mais de desaceleração", disse.
Campelo observou ainda que as projeções sempre se mostram mais otimistas do que o que se verifica nos indicadores efetivos. Neste ano, por exemplo, 40% das indústrias ampliaram os investimentos (contra uma projeção de 50%), enquanto 25% reduziram os gastos nessa frente (contra projeção de 15%). "As empresas costumam dar projeções sistematicamente mais otimistas do que os dados observados posteriormente."
No entanto, a sondagem costuma desenhar a tendência tanto para os investimentos da indústria quanto para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que é como os investimentos são apurados no cálculo do PIB brasileiro. As produções de máquinas e equipamentos e de bens duráveis devem ser as mais afetadas, embora todas as categorias de uso da indústria sintam essa mudança de humor.
O único setor que ainda se mostra mais otimista é o da construção. Segundo Campelo, isso pode ter a ver com a perspectiva de retomada de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com as recentes concessões de rodovias, aeroportos e portos, que vão impulsionar investimentos no setor.