O último trimestre do ano mostrará recuperação do crescimento da economia brasileira, ajudando a fechar o exercício com um bom resultado “e preparando para 2014”. A avaliação foi feita hoje (18) pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e se baseia no indicador antecedente do Banco Central, que apresentou expansão de 0,8% da atividade econômica em outubro sobre setembro.
Coutinho ressaltou alguns fatores que levam na direção de uma recuperação do crescimento. Entre eles, a inadimplência no sistema bancário, “que já está se ajustando para níveis mais baixos”, o que permite que haja uma retomada do crédito privado.
Ele espera que a diferença registrada entre o desempenho dos bancos públicos e privados comece a se dissipar em 2014, mostrando aceleração na concessão de financiamentos pela rede privada, para operações de investimento em parceria com os bancos públicos, especialmente o BNDES, a partir da expansão do mercado de debêntures para infraestrutura. Coutinho acredita que a retomada do crédito privado ocorrerá de forma moderada e cautelosa, “o que é saudável”.
Outro fator que influenciará o cenário econômico no próximo ano é a recuperação da economia internacional, com destaque para os Estados Unidos. Isso vai permitir, segundo Coutinho, “junto com uma taxa de câmbio mais estimulante, alguma recuperação das exportações brasileiras, sobretudo as industriais”.
Para Coutinho, esse é um fato importante porque uma das razões que dificultaram o desempenho das vendas externas do Brasil nos dois últimos anos foi o baixo crescimento mundial, com condições de câmbio desfavoráveis, o que levou as exportações industriais a perderem “tração e participação” no mercado global. “Nós temos condições de recuperá-las”, garantiu.
O presidente do BNDES ressaltou também o desempenho positivo da indústria, com expansão de 0,6% em outubro, impulsionado pelo segmento de bens de capital. Outro elemento que induz ao crescimento da economia é, segundo Coutinho, o sucesso apresentado pelos leilões de concessões, que já somam investimentos adicionais de R$ 31 bilhões e ajudarão a reforçar o processo de desenvolvimento. O número não inclui os investimentos previstos para a área de exploração do pré-sal no Campo de Libra, na Bacia de Santos, esclareceu.
A melhoria do crédito, a sustentação do emprego e a possibilidade de recuperação das exportações industriais poderão manter em 2014 o desempenho positivo já sinalizado para a indústria da transformação no início do quarto trimestre, estimou Coutinho. Ele acrescentou que outro fato significativo é a recuperação aparente do consumo de bens de capital, que apresentou incremento de 18,8% no segundo trimestre deste ano e de 13% no terceiro trimestre.
“É um desempenho muito bom do consumo de bens de capital, que tem se traduzido em crescimento da indústria”, disse. Segundo o presidente do BNDES, esse crescimento é positivo porque é motivado mais pelo investimento que pelo consumo. A isso se soma, ainda, a recuperação do crescimento do segmento de equipamentos de transporte, ligado aos financiamentos do próprio banco, acrescentou.