Motor da economia brasileira nos últimos três anos, a construção civil pisou firme no freio para se ajustar aos efeitos da inflação alta e da elevação do custo do crédito em 2013, que agravaram o cenário desfavorável dos investimentos na produção industrial e na infraestrutura logísitica do país. Em Minas Gerais, o setor encerra o ano com projeções de crescimento de 2%, metade da previsão feita pelas empresas em janeiro (de 3,5% a 4%), taxa mais baixa desde 2009, período posterior à crise financeira mundial e impactado por queda de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da atividade. A estimativa divulgada ontem pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG) coincide com a expectativa para o comportamento na média nacional.
Cautelosa na avaliação dos rumos do setor em 2014, a indústria da construção elevou o tom no último mês, depois de ver os resultados dos leilões de rodovias e aeroportos e o efetivo início das obras nos terminas aeroportuários de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília, informou o presidente do Sinduscon-MG, Luiz Fernando Pires. Com o programa de concessões, agora, em curso, o nível de confiança voltou a crescer nas construtoras e a esperança é de que elas cresçam 2,8%, em média, no próximo ano, se a expansão da economia brasileira alcançar 2,3%. “Algumas licitações começaram a andar, depois de muita demora. O que nós precisamos é de resolver as amarras e que os recursos públicos sejam mais bem direcionados”, afirmou o industrial.
Do ponto de vista do consumo, as variáveis essenciais ao desempenho da construção, o emprego e a renda da população, continuam positivas, apesar do crescimento inferior ao de 2012. De janeiro a outubro as empresas abriram em Minas 22.620 vagas com a carteira de trabalho assinada, número 44,8% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram criados 40.958 empregos formais no setor. O balanço e as projeções para 2014 do Sinduscon-MG seguem idêntica tendência com a qual trabalha a Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Segundo o presidente da câmara, Teodomiro Diniz Camargos, houve uma recuperação do setor desde julho, ante uma situação de absoluta paralisia observada no primeiro semestre.
“O mercado vinha desaquecido e agora se estabilizou. A oferta de imóveis está equilibrada em relação à demanda e a grande esperança é de que o programa de concessões do governo federal na área de infraestrutura faça a construção deslanchar em 2014”, afirma. A velocidade das vendas neste ano é considerada boa para o setor, medida como percentual dos imóveis comercializados sobre as unidades que as empresas ofertaram. O indicador ficou em 10,17% entre janeiro e outubro, praticamente estável na comparação com 10,31% de idênticos meses de 2012.
Programa emperrado
Considerado bem-sucedido, o programa Minha casa, minha vida, de subsídio a moradias para a população de baixa renda, enfrenta a burocracia do poder público na entrega à população beneficiada. Até 15 de novembro, 3,051 milhões de unidades foram contratadas no país, das quais 1,730 milhão foram concluídas, mas o número de imóveis entregues somou 1,431 milhão, de acordo com balanço do Sinduscon-MG. O universo de unidades pendentes e não ocupadas, embora já prontas, é de quase 300 mil. André de Souza Campos, 1º vice-presidente da instituição, afirmou que a fase de liberação dos documentos emperra nos cartórios e nas prefeituras. “Há problemas enfrentados nos cartórios e as prefeituras têm dificuldades de cumprir os procedimentos para conceder o habite-se e liberar demais documentos.”