A Polícia Federal aplicou este ano R$ 24,303 milhões em multas a 28 bancos que apresentaram falhas na segurança de agências e postos de atendimento. O montante é 583,24% superior ao do ano passado, quando os bancos foram multados em R$ 3,557 milhões. O levantamento, divulgado hoje, foi elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
A instituição que recebeu mais multas foi o Banco do Brasil, com um total de R$ 7,728 milhões, seguido pelo Bradesco, com R$ 5,566 milhões, o Itaú, com R$ 4,173 milhões, o Santander, com R$ 3,711 milhões, a Caixa Econômica Federal, com R$ 1,679 milhão, e o HSBC, com R$ 727 mil.
Segundo a Contraf, as principais irregularidades foram o número insuficiente de seguranças e a falta de rendição dos vigilantes no horário de almoço, alarmes e portas giratórias inoperantes, transporte de valores feito por bancários, inauguração de agências sem plano de segurança aprovado pela Polícia Federal e cerceamento da fiscalização de policiais federais.
"O aumento das multas revela, por um lado, que melhorou o trabalho da Polícia Federal e, por outro, que os bancos não priorizam a segurança dos estabelecimentos", disse Ademir Wiederkehr, diretor da Contraf. "Os bancos enxergam a segurança como custo, que pode ser reduzido para aumentar ainda mais os lucros, e por isso agem com negligência, em vez de respeitar a legislação e fazer investimentos para prevenir assaltos e sequestros e proteger a vida dos bancários, vigilantes e clientes."
De acordo com estudo do Dieese, com base nos balanços publicados do primeiro semestre deste ano, os seis maiores bancos lucraram R$ 29,6 bilhões e aplicaram R$ 1,6 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa média de 5,4% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança.
A Contraf informou que uma pesquisa nacional, feita em parceria com a Confederação Nacional dos Vigilantes, revelou que 30 pessoas morreram assaltos a bancos no primeiro semestre. A reportagem da Agência Brasil tentou contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas, até o fechamento desta matéria, não teve resposta.