Na última sexta-feira de compras antes do Natal, uma queda de energia elétrica causou transtornos para consumidores e lojistas da Região Centro-Sul de BH. No início do fim de semana em que os lojistas de 12 dos maiores centros de compras da capital, Contagem e Betim, na Grande BH, esperam mais de 1,5 milhão de pessoas, ávidos por faturar os recursos depositados ontem da segunda parcela do 13º salário, da gratificação de Natal dos servidores públicos estaduais e do último lote de restituições do Imposto de Renda, a escuridão foi um problema.
Depois do término do apagão, os clientes voltaram às compras. Hoje e amanhã, a briga pelo consumidor às vésperas da melhor data de vendas do ano será determinada pela combinação de preços com bom atendimento, entendido como a capacidade dos vendedores de oferecer e negociar produtos adequados ao orçamento do cliente, segundo a Câmara de dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH).
No ambiente desfavorável de inflação alta e crédito mais caro neste ano, o gasto médio emcompras que o belo-horizontino está disposto a fazer baixou à faixa de R$ 30 a R$ 75, ante o desembolso entre R$ 100 e
R$ 150 no ano passado, para 52% dos consumidores, de acordo com pesquisa recente da CDL-BH. O fim de semana que antecede a troca de presentes representa a reta final da corrida dos comerciantes no mês que sozinho representa 18% das vendas ao longo de todo o ano, observa a economista Ana Paula Bastos, da CDL-BH. “A data tem apelo emocional, mas os lojistas devem estar atentos para entender a demanda do cliente, que hoje busca preços mais baixos porque tem renda menor disponível no bolso”, afirma.
Estudo feito pela instituição, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que o 13º salário somou R$ 2,3 bilhões em BH. No Brasil, cerca de R$ 143 bilhões foram injetados na economia por meio da gratificação natalina, com valor médio de R$ 1.740 pagos a cada um dos 82 milhões de trabalhadores beneficiados, com base em estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Extra O último lote de restituição do IR foi de R$ 2,6 bilhões, devidos a 2 milhões de contribuintes, informou a Receita Federal. Na Grande BH, o Estado de Minas apurou que pelo menos 1,514 milhão de pessoas são esperadas no BH Shopping, Boulevard Shopping, Shopping Cidade, Shopping Contagem, Diamond Mall, Shopping Del Rey, Estação BH, Itaú Power Shopping, Metropolitan Shopping Betim, Minas Shopping, Pátio Savassi e Shopping Uai. No BH Shopping e no Boulevard Shopping, o tráfego nos corredores superou as expectativas ao longo deste mês.
Para o gerente de Marketing do BH Shopping, Renato Tavares, o atendimento e a diversidade de produtos serão as principais armas dos lojistas no centro de compras, que recebe 55 mil pessoas por dia, em média, nos fins de semana. O fluxo de consumidores deve ser aproximar de 150 mil hoje e amanhã. “Trabalhamos para que as pessoas consigam resolver a vida aqui dentro, comprando desde uma lembrancinha ao presente mais desejado”, afirma. O apelo da diversidade e do shopping mais perto de casa e do trabalho é decisivo para o Boulevard, na avaliação da gerente de Marketing Andrea Panisset. A expectativa é de que 140 mil pessoas circulem pelo shopping hoje e amanhã.
A última parcela do 13º e a restituição do Imposto de Renda, recebidas ontem, caíram como uma luva no bolso da bancária Juliana de Fátima Costa. Com uma lista de presentes para 45 familiares e amigos, ela deve focar mais nas compras hoje, disposta a gastar mais do que previa. “Ainda bem que a restituição só veio agora. Se tivesse recebido antes eu já teria gasto o dinheiro e os presentes ficariam regrados. Agora posso comprar produtos melhores”, afirma.
Como Juliana, boa parte dos consumidores deixa as compras de Natal para a última hora. A lojista Daniela Farah Cortês espera movimento 30% maior que o registrado nos últimos fins de semana. “Bom, para nós lojistas, é que com a segunda parcela do 13º e a restituição do Imposto de Renda as pessoas tendem a gastar mais”, afirma.
A segunda parcela da gratificação de fim de ano chegou em boa hora para a engenheira Karine Almeida, que aproveitou o horário de almoço de ontem para fazer as compras de Natal. A renda extra fez com que ela escolhesse um presente mais caprichado para o marido e os pais. A intenção inicial era de gastar no máximo R$ 100 com cada presente. “Prometi para mim mesma não gastar muito, mas com o dinheiro na mão a tentação parece ser maior e a gente acaba extrapolando”, reconhece.