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Estado de Minas SEGUNDA CHANCE

Empresários apostam em responsabilidade social para gerir negócios

Empresas criam modelos de empreendimento com um braço solidário para ajudar na reabilitação de jovens infratores


postado em 26/12/2013 00:12 / atualizado em 26/12/2013 08:00

Éder Carvalho, dono da loja Filho Rico, estimula a contratação de jovens que tiveram problema com a Justiça(foto: Gustavo Moreno/CBDAPress)
Éder Carvalho, dono da loja Filho Rico, estimula a contratação de jovens que tiveram problema com a Justiça (foto: Gustavo Moreno/CBDAPress)

Alguns empresários que buscam agregar o valor da responsabilidade social aos seus negócios acabam proporcionando não apenas uma vida melhor para cidadãos marginalizados. Eles acabam também sendo uma inspiração para quem ajuda e estimulando outros empreendedores a seguir o mesmo caminho da solidariedade e da independência financeira.

Éder Carvalho, de 32 anos, é um desses exemplos. Depois de uma infância pobre no entorno de Brasília e uma vida inteira de muito trabalho, ele venceu ao construir uma marca de roupas, a Filho Rico, que tem loja própria em shopping e se prepara para virar uma franquia. "Quero consolidar uma marca com influência social, que carregue valores muito além dos materiais e vá além das relações de consumo", promete.

Mesmo nos seus melhores momentos ele nunca deixou de lado a preocupação com os jovens carentes e expostos ao mercado das drogas, particularmente os menores infratores que estão apreendidos pela Justiça. Buscar doadores de dinheiro para investir nesse público e encaminhar marginalizados ao primeiro emprego são suas maiores missões na atualidade.

Ele enxerga no próprio mercado e na prática de "dar a rede" uma saída virtuosa para injustiças históricas e um passo adiante na simples distribuição de "peixes" pelo assistencialismo oficial. Com recursos próprios e de outros beneméritos, propõe inúmeras formas eficazes de ajudar cidadãos a saírem da exclusão e a levar desenvolvimento às suas localidades.

O empresário, filho de feirantes nordestinos e nascido em Sousa, no sertão paraibano, se enveredou pelo comércio no DF por necessidade, para pagar a faculdade de Enfermagem, depois do término do contrato temporário com o governo distrital. Em 2006, aos 24 anos, começou vendendo perfumes e, com um sócio, criava e vendia camisetas feitas por uma confecção terceirizada.

Suas estampas, cortes e cores fizeram tanto sucesso que o levaram a abrir uma loja na Feira dos Importados e a chamar a atenção de distribuidores. "O segredo das boas vendas é o mesmo até hoje: oferecer ao consumidor jovem, no qual me incluía, algo que ele queria, mas não podia ter", revela. A Filho Rico deslanchou e se consolidou com a mensagem "fazer o bem está na moda".

Desde os tempos de enfermeiro, Éder Carvalho desenvolveu contato com crianças e adolescentes do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), em Brasília. O trabalho voluntário, com orientação e testemunho aos jovens em favor da ressocialização e do empreendedorismo, se somou, anos mais tarde, à entrega de materiais e de equipamentos. "Ganhei forças até mesmo quando os negócios iam mal, pois tinha de dizer aos internos para não desistir nunca. Na verdade, todos querem vencer na vida. Só é preciso apoio para chegar lá", recorda.

Razões do altruísmo

Fernando Nogueira, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), sublinha que as pessoas fazem doações a desconhecidos por razões biológicas reforçadas pela cultura. "Pesquisas relacionadas à evolução apresentam evidências de que nos sentimos bem ao sermos generosos. A doação ativaria centros de recompensa ou mesmo prazer no cérebro, o que nos motiva a doar novamente", observa. Essa capacidade geneticamente definida de sentir compaixão e de se importar com o sofrimento alheio é apoiada pela tradição, pela pressão social e por outras empatias que valorizam os beneméritos. "O papel de empreendedores sociais, ativistas, líderes e profissionais de ONGs é ajudar a exercitar esse potencial e desenvolver uma cultura mais forte de doação e voluntariado para todos", finaliza.


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