O movimento no comércio varejista, que costuma bater recorde no período do Natal, frustrou as expectativas dos lojistas. A previsão era de alta de 5% a 6% no volume de vendas em relação ao ano passado. Porém, de acordo com o indicador do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), entre 18 e 24 de dezembro o desempenho foi apenas 2,97% superior ao do mesmo período de 2012. Pesquisa da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), também aponta alta, de 2,5%, nas vendas da data, considerado o mais importante para engordar o faturamento. O incremento registrado pela Serasa Experian, de 2,7%, foi o mais fraco desde o Natal de 2003. Na contramão do pessimismo, as vendas on-line cresceram 41% em relação ao mesmo período de 2012.
Após extraordinária alta de 2010 (10,89%), as compras de presentes para o Natal foram mornas. O desaquecimento, na análise de Roque Pellizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojista (CNDL), se deve ao encarecimento do crédito. "O cenário econômico é desfavorável e os dados indicam que a inflação pesou no bolso dos consumidores. Os juros estão mais altos e a massa salarial já não cresce com tanto vigor quanto nos últimos anos, o que seria fundamental para aquecer o consumo interno", diz Pellizzaro Junior.
No caso do segmento de shopping centers, o desempenho foi ainda pior, de 2,5%. Alguns setores chegaram a ter queda. No de vestuário, a variação foi de 2%. Para 2014, a expectativa é de um crescimento um pouco maior, de 3%. Mas os lojistas estão preocupados com a alta do dólar, que pode pressionar os preços e reduzir as vendas.
Apesar do fraco movimento em todo o país, a elevação das vendas em 2013 foi levemente superior ao registrado em 2012 sobre o ano anterior (2,37%). Na análise do presidente da CNDL, agora, com o início da semana das trocas, o comerciante tem a oportunidade de se beneficiar das tradicionais liquidações e emplacar novas vendas, principalmente de artigos de vestuário, calçados, cosméticos, perfumaria, eletrodomésticos da linha branca, smartphones e tablets.
Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), as vendas no Natal foram afetadas pelo maior endividamento das famílias, pela menor disponibilidade de crédito e pela alta da inflação. O conjunto de fatores, diz a associação, fez com que os gastos com presentes de Natal em 2013 fosse inferiores aos dos anos anteriores.
ON-LINE As vendas do comércio eletrônico atingiram um recorde de R$ 4,3 bilhões entre 15 de novembro e 24 de dezembro – período considerado de compras natalinas –, alta de 41% ante os R$ 3,05 bilhões do Natal de 2012, segundo dados da E-bit, empresa especializada em informações do varejo on-line. A movimentação superou a estimativa inicial de alta, de 25%, entre os períodos.
Segundo a E-bit, as vendas no fim do ano tiveram a contribuição da Black Friday, no dia 29 de novembro, quando o comércio eletrônico movimentou R$ 770 milhões, recorde de faturamento em um único dia. Segundo Pedro Guasti, diretor-geral da E-bit, os consumidores aproveitaram a Black Friday para antecipar a compra de presentes.
Neste Natal, 10 milhões de pessoas compraram on-line no país e gastaram em média, R$ 300 em cada pedido. A categoria mais vendida foi moda e acessórios, seguida por eletrodomésticos, telefonia e celulares, livros e informática.