Brasília – Envelhecer e sair do mercado de trabalho, a tão esperada aposentadoria, deixou de ser sinônimo de fim da vida. Pelo contrário: os ganhos de longevidade e a pressão social cada vez maior por cidades mais inclusivas — ainda que estejam longe do ideal — fazem desse momento um novo ciclo. Mas garantir que essa etapa seja confortável, com renda suficiente para manter o padrão de vida pré-aposentadoria ao ponto de permitir novos voos, exige planejamento.
Na continuação da série de reportagens com dicas de como investir o seu dinheiro e fazê-lo render, iniciadas no domingo, o Estado de Minas mostra que uma das opções mais simples para multiplicar os recursos é a previdência complementar. Depender exclusivamente da renda paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem se tornado uma opção pouco atrativa para muitos brasileiros. Renato Follador, especialista no tema, lembra que, até a década de 1970, o INSS pagava como teto para as aposentadorias o equivalente a 20 salários mínimos. Nos anos 1980, caiu a 15; nos 1990, a 10; nos 2000, a 7,5; e, hoje, a 6,1.
“Se for mantida a política salarial para o mínimo, quem se aposentar depois de 2018 ganhará cinco salários e, depois de 2035, no máximo, três”, calcula Follador. “Assim, a previdência privada é importante para garantir a manutenção do padrão de vida das pessoas”, diz. A melhor opção são os fundos de pensão. “Se a empresa onde o trabalhador está tem um programa desses, é sempre mais interessante”, ressalta o especialista. Por não ter finalidade lucrativa, o custo é reduzido.
CUIDADOS Para quem não tem essa alternativa, deve-se procurar uma opção em bancos e corretoras. Mas é preciso buscar informações sobre as condições financeiras do plano de previdência e da empresa que faz a gestão dos recursos. “Como é um investimento a longo prazo, ela tem de continuar a existir em 25 ou 30 anos. Solidez é importante”, observa Follador. As taxas de administração também são determinantes e podem ser a diferença entre prejuízos e ganhos mais robustos. Ela incide sobre o patrimônio, que cresce mensalmente. “É juro composto. Qualquer meio ponto percentual faz um rombo lá na frente”, explica o analista.
Com uma taxa de 3% ao ano, em 25 anos, o banco fica com metade do patrimônio do poupador. O ideal, ao procurar um plano de previdência, é buscar uma taxa de carregamento que seja zero e a de administração menor que 2%. Se o seu banco não oferecer essa opção, não se prenda a ele, o mercado vai oferecer a você uma alternativa mais próxima da sua necessidade. É só pesquisar.
Fazer previdência ainda oferece benefícios tributários. O Plano Gerador de Benefício Líquido (PGBL) permite dedução do Imposto de Renda. Para os que têm interesse apenas nesse desconto, a dica é depositar, ao longo do ano, o equivalente a 12% da renda anual bruta. Na hora de informar as finanças ao Leão, declara-se o valor para incrementar a restituição. Já o Vida Gerador de Benefício Líquido (VGBL) atende ao contribuinte que faz a declaração simples. O benefício não ocorre na fase de acumulação de patrimônio, mas no resgate.
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