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Estado de Minas

EM prepara dicas para equilibrar as finanças e tirar sonhos do papel em 2014

Para quem quer tirar sonhos do papel ou equilibrar as finanças, é preciso organização. Em série de reportagens, EM mostra histórias e traz dicas para a realização dos planos


postado em 01/01/2014 06:00 / atualizado em 01/01/2014 07:29

(foto: Arte EM/D.A.Press)
(foto: Arte EM/D.A.Press)
O auxiliar administrativo Laerte Alberto Júnior, o microempreendedor individual Reginaldo Costa, a servidora pública Marina Pimentel Oliveira, o analista de suporte Grillmon Pacheco e a personal trainer Betânia Fontes entram em 2014 com sonhos diferentes. O primeiro deseja colocar as contas em dia, pois o atraso no pagamento do cartão de crédito deu origem a uma bola de neve que lhe tira o sono. Já o pequeno empresário quer comprar um carro zero quilômetro para passear com a filha adolescente. A funcionária estadual, por sua vez, se prepara para comprar um imóvel até dezembro, quando mudará seu status para casada. O analista de TI se organiza para uma viagem para o exterior e a personal trainer para ter o segundo filho.

Os cinco se preparam para desafios diferentes, mas seus sonhos convergem para a mesma palavra: planejamento. Até porque a economia brasileira, embora não tenha sido atingida pela crise internacional de 2008 no mesmo patamar que a dos Estados Unidos e a de alguns países da União Europeia, não voltou a crescer e manter o avanço num ritmo semelhante ao pré-crise. Para  ter ideia, em 2007, antes da crise, o Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma das riquezas de todo o país, havia avançado 6,1%. No ano da recessão mundial, o indicador aumentou 5,2%. Em 2009, houve recuo de 0,3%. Depois desse resultado negativo, o PIB de 2010 saltou 7,5%. Em seguida, desacelerou em 2011 (alta de 2,7%) e em 2012 (aumento de 0,9%).

Para este ano, especialistas apostam que o indicador deve ficar em 2,3%. Para piorar, economistas avaliam que a Selic, a taxa básica de juro no Brasil, subirá em 2014. Na prática, significa dizer que quem planeja financiar produtos ou serviços deve ficar atento à possibilidade de maior aumento em relação ao pagamento à vista. “Em 2013, a Selic chegou a 7,25%, no melhor resultado da história. Agora está em 10%. No fim deste ano, pode passar de 11%. O juro sobe como forma de segurar a inflação, pois força a pessoa a poupar mais e a consumir menos, reduzindo preços de produtos e serviços”, destaca Gabriel de Andrade Ivo, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Para que Laerte, Reginaldo e Marina alcancem suas metas em 2014, Gabriel sugere aos três que busquem planejar o orçamento.

Diante desse cenário e do início de um ano novo, quando os sonhos de consumo dos brasileiros ganham fôlego, o Estado de Minas publica a série 2014 bem planejado, de hoje a domingo. As reportagens vão contar histórias de homens e mulheres que aproveitam a virada do ano para planejar a organização das finanças diante de objetivos diferentes. Também vão destacar sugestões de especialistas e alertar para custos adicionais na aquisição de bens e serviços. Para terminar 2014 no azul, sem se enrolar em dívidas e conseguir cumprir todos os objetivos, a primeira dica é equilibrar gastos e ganhos.

Ganhos e gastos  Quem explica é a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH): “Nunca gaste mais do que você ganha. Embora seja uma dica básica, muita gente se esquece disso. É importante que o consumidor faça um levantamento de todos os seus ganhos e de todos os seus gastos mensais. Faça uma planilha, coloque tudo no papel. Isso permite à pessoa identificar os gastos e saber se eles foram ou não necessários. Dessa forma, fica mais fácil reduzir ou cortar despesas desnecessárias”.

Resultado: o salário, mesmo que pouco, vai sobrar no fim do mês. Afinal, recomendam especialistas, é sempre bom ter um dinheiro sobrando, pois imprevistos, como desemprego e doenças, não têm hora para bater à porta de qualquer pessoa. “É bom ter uma poupança. Não precisa reservar 30% do salário, mas é sempre bom ter uma quantia para os momentos de aperto. Tente poupar pelo menos 5% ou 10% do vencimento”, acrescenta a economista.

Poupança Marina Pimentel, a funcionária pública que planeja comprar um apartamento, segue a dica à risca: “Eu e o Felipe abrimos uma poupança para esse fim”. Reginaldo, o microempreendedor, também começará a poupar para adquirir o carro zero quilômetro: “Reservo um pouco todo mês”. No caso deles, a poupança ajuda a reduzir o financiamento, pois Marina e Reginaldo desejam comprar bens cuja maioria dos brasileiros adquirem a prazo. Mas abrir uma conta no banco também requer cuidados.

“Tenha apenas uma conta bancária e não aceite todos os produtos e serviços que a instituição lhe ‘empurrar’. Só aceite cheque especial, cartões de crédito, financiamentos, plano de previdência, seguros, títulos de capitalização e outros se você tiver plena certeza de que serão úteis, que terá condições de administrá-los e que terá como pagá-los. Portanto, cuidado com a venda casada. Muitos bancos forçam os clientes que buscam empréstimos a assinar contratos de pecúlio, seguro etc. Isso é prática abusiva, pois ninguém é obrigado a adquirir um produto ou serviço em troca de outro”, alerta a economista da CDL-BH.

A história de Marina e a de Reginaldo, assim como a de outros brasileiros que pretendem levar as contas na ponta do lápis a partir deste mês, serão contadas ao longo da série. Nesta edição, o EM mostra o esforço de Laerte para tirar a corda do pescoço e destaca sugestões de especialistas para que os consumidores evitem perder noites de sono com boletos em atraso.

Crédito fácil cobra disciplina
A expressiva redução da taxa de desemprego no Brasil nos últimos anos refletiu num percentual grande de migração da classe baixa para a média. Para ter ideia, em dezembro de 2003, o indicador de desocupação foi de 12,2%. Em novembro de 2013, diminuiu para 4,6%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, segundo balanço da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), órgão do governo federal, 35 milhões de brasileiros passaram da classe baixa para a média de 2002 a 2012 – a SAE considera como integrantes desse grupo quem recebe de R$ 291 a R$ 1.019 mensais.

Muitos dos novos integrantes da classe média passaram a ter acesso ao crédito fácil, como cartões e cheque especial. Muitos deles também não planejaram o gasto e, como o auxiliar administrativo Laerte Alberto Júnior, enfrentam dificuldades para colocar as contas em dia. Os resultados estão no número de famílias endividadas. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no último ano, de dezembro de 2012 para o mesmo mês de 2013, o percentual de endividados entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal e outros passou de 60,7% para 62,2%.

Para não fazer parte das estatísticas, a recomendação, destaca Ana Paula Bastos, economista da CDL-BH, é disciplina financeira: “Respeite o seu orçamento. Um deslize pode ser o fim de meses de esforço. Tenha apenas um cartão de crédito. Se um já consegue atrapalhar sua vida, imagine mais de um”. Ana Paula sugere a compra à vista como forma de o consumidor ter barganha para negociar preços. “Ao invés de pagar uma mercadoria em 24 parcelas, você pode economizar o valor da prestação por 12 a 15 meses, obtendo dinheiro para comprar à vista. Dessa forma, quando normalmente lhe dão desconto de 10%, você estará economizando em torno de 50%”, explica Ana Paula. Já o economista da Fecomércio-MG Gabriel de Andrade Ivo alerta que “cheque especial não é prolongamento de renda”.


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