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Estado de Minas

Inflação salta para 0,92% em dezembro acelerada pelos reajustes de preços no fim do ano

Com alta, inflação oficial fecha o ano em 5,91%. Índice puxado pela alta de alimentos e transporte supera expectativa do governo e fica acima dos 5,84% de 2012


postado em 11/01/2014 06:00

Os reajustes de preços aceleraram no fim do ano e a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou de 0,54% em novembro para 0,92% em dezembro – a maior alta desde abril de 2003 –, levando o indicador que mede a inflação oficial do país a fechar 2013 em 5,91%, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual ficou acima do apurado em 2012 (5,84%) e superou as expectativas do mercado (5,72%). No mês, a alta superou até mesmo as projeções mais pessimistas. No ano, o resultado ficou dentro da meta do governo (4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo), porém, sugere que 2014 não será um ano fácil para a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff.

Na Grande Belo Horizonte, o indicador subiu 5,75%, abaixo do registrado em 2012 (6,03%). Apesar da desaceleração, o IPCA da capital mineira é o maior (346,47%), na era do real (desde 1º de julho de 1994), entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. No Brasil, o papel de grande vilão no acumulado de 2013, pelo menos em percentual, coube à tangerina (73%). Na Região Metropolitana de BH, a liderança foi ocupada pela batata- inglesa (33,12%). Os alimentos foram o item que mais aumentou no ano passado dentro do IPCA com alta de 8,48%, enquanto a energia elétrica, com queda de 15,66% no ano foi o que mais caiu. Já em dezembro os combustíveis foram os vilões, elevando os preços do grupo transporte em 1,85%.

“Em 2011 e em 2012, o preço da batata estava baixo. Em alguns períodos, o valor nem sequer cobriu o custo da produção. Por isso, muitos produtores deixaram de plantar a batata (para a safra 2013). Houve redução de oferta e aumento de preços. Comparando o preço médio do quilo médio em 2013 (R$ 1,36) com o de 2012 (R$ 0,78), a diferença foi de 74,4% (na Ceasa)”, informou Ricardo Martins, chefe da Seção de Informação de Mercado da Ceasa Minas. Ele acrescenta que, ontem, o preço médio foi de R$ 0,90.

Nos sacolões e supermercados, porém, o quilo é mais caro. Em alguns estabelecimentos, o quilo do produto pode ser encontrado a R$ 3,50, como no Império das Batatas, no Mercado Central. Em razão dos últimos aumentos da mercadoria, o dono do empreendimento, Alexandre Souza, avaliou que as vendas de batatas se reduziram cerca de 20% desde o ano passado, quando o quilo saía a R$ 2. O aumento gradual do preço, segundo o comerciante, fez com que muitos bares e restaurantes mudassem o cardápio. “É o hortifrúti que mais oscila. Em dezembro, na Ceasa, teve dia que o saco (de 50 quilos) saía por R$ 70 e na mesma semana saía por R$ 120”, recorda Alexandre. A alta nos produtos alimentícios no ano passado obrigou o casal Reinaldo e Maria Teresa Pedrosa a excluir certos itens do cardápio do dia a dia, mas a batata segue firme e forte. “Teve a crise do tomate e a batata, agora, parece ter o mesmo problema”, afirmou ela.


Dragão resistente

Vicente Nunes

A disseminação dos reajustes de preços é cada vez maior. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 69,3% dos produtos e serviços pesquisados pelo órgão apontaram aumento no último mês de 2013. O peso maior para o bolso dos consumidores, porém, veio do grupo transportes. As passagens aéreas subiram, em média, 20,13%, com picos em Fortaleza (30,48%) e em Salvador (31,74%). Já a gasolina apontou alta de 4,04% nas bombas, o dobro do projetado pelos especialistas, respondendo por 0,15 ponto percentual do IPCA. O preço do diesel, por sua vez, saltou 4,9% e o etanol, 4,8%. Os brasileiros não tiveram sossego nem com as passagens interestaduais de ônibus, em média, 1,3% mais caras. Não à toa, o setor de transportes, com elevação de 1,85%, garantiu, sozinho, 35% da inflação mensal.

Derrotado na missão de levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, e sem entregar o que prometeu em tom ufanista – uma taxa menor que a de 2012 –, o presidente do BC, Alexandre Tombini, se limitou a um comentário por meio de nota, para evitar questionamentos. “A inflação ao consumidor medida pelo IPCA encerrou 2013 mostrando resistência ligeiramente acima daquela que se antecipava.” Já o secretário-executivo e minstro em exercício da Fazenda, Dyogo Oliveira, disse que “não há nenhuma perspectiva de descontrole da inflação”.

Pela boca Em 2013, o item alimentação e bebidas registrou o maior aumento em 2013 (8,48%) entre os nove grupos que compõem o cálculo do IPCA nacional. Quem almoça fora do domicílio diariamente sabe o quanto a conta pesa no fim do mês. De janeiro a dezembro, a conta ficou 10,07% maior. “Minha despesa mensal gira em torno de R$ 400”, disse o contador Ênnio Lino de Amorim Júnior, que frequenta restaurantes na Região Centro-Sul da capital. Depois dos alimentos, o grupo despesas pessoais apurou o maior aumento no ano no país (8,39%). Em seguida, aparecem os itens educação (7,94%), artigos de residência (7,12%) e saúde e cuidados pessoais (6,95%).

Apenas as mensalidades dos planos de saúde subiram 8,73%. As disparadas do preço desse serviço levaram o motorista Josué Gonçalves, de 43, a cancelar o plano de saúde. “Isso foi há dois anos. Eu pagava R$ 220 por mês e, depois do reajuste, passei a desembolsar R$ 350. Agora, o meu plano de saúde é o SUS”. No mesmo grupo, destaques para aumentos nos preços das consultas médicas (11,77%) e dentárias (9,74%), serviços de hospitalização e cirurgia (7,80%) e artigos de higiene pessoal (6,58%). (Com PHL)


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