A cinco meses para o início da Copa do Mundo, muitos brasileiros seguem insatisfeitos com a qualidade de serviços aeroportuários e telefônicos. Entre as queixas da telefonia, que não são novidades para as operadoras, as dificuldades para usar o celular em locais onde há grande demanda por sinal, ligações que caem sem motivo aparente e lentidão para uso da internet. Nos aeroportos, são comuns os atrasos e a baixa qualidade do serviço. O preço da passagem é outro ponto crítico. A chegada de milhares de estrangeiros para o torneio e o aumento do trânsito dos brasileiros devem acentuar os problemas, já que a infraestrutura não comporta a demanda e não há tempo suficiente para alterar a situação.
Calado na praia
Veranistas que estiveram no litoral do país entre dezembro e janeiro, por exemplo, encontraram inúmeros problemas para fazer e receber ligações, mas também para acessar a internet. Mas os problemas relatados por turistas que estiveram em Búzios, Cabo Frio e Rio de Janeiro e em outras praias, como as da Bahia, são comuns, segundo especialistas. A causa para um serviço de qualidade baixa nessas ocasiões, onde há grande concentração de pessoas, seria o aumento da demanda sobre as antenas de uma região, muitas vezes projetadas para receber tráfego menor.
A cantora Lee Miranda, que esteve em Cabo Frio entre 26 de dezembro e 4 de janeiro, teve problemas para usar o telefone na praia. “A cidade estava lotada e desde que cheguei a internet funcionava raras vezes, além do sinal para ligações, que era muito ruim”, lembra. Entre os problemas, ela destaca a dificuldade para enviar fotos, postar nas redes sociais e a constante mensagem de falha na ligação ao tentar se comunicar com amigos que também estavam na praia.
E mudo no campo
Fato é que esses problemas não aborrecem apenas aqueles que tentam dividir o sinal na praia. No Mineirão, um dos palcos dos jogos da Copa do Mundo – que junto com os outros 11 estádios recebeu investimentos da ordem de R$ 200 milhões para melhoramento da rede, segundo o SindiTelebrasil –, as reclamações são frequentes. O relações-públicas Luciano Trevas, que é sócio-torcedor do Cruzeiro e desde o fim da Copa das Confederações frequenta o estádio, garante que no local a internet não funciona. “O sinal da operadora fica baixo ou nulo durante os jogos. E isso dificulta bastante a comunicação”, afirma. “Quando vou ao estádio com parentes deixamos um ponto de encontro predefinido para depois dos jogo caso não seja possível o contato por telefone”, reforça.
De acordo com o Minas Arena, responsável pela administração do estádio, uma sala escolhida pelas operadoras foi disponibilizada no Mineirão para a instalação das antenas, o que ocorreu em abril e maio de 2013, e uma permissão para instalação de antenas por todo o complexo, além de toda a infraestrutura para cabeamento, foi concedida. Segundo o SindiTelebrasil, apesar de o prazo para a instalação das novas tecnologias ter sido reduzido para menos da metade, as prestadoras de serviços de telecomunicações ativaram grande parte da infraestrutura nos estádios de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Em BH, no entanto, o prazo foi inferior ao necessário, e as obras de instalação da infraestrutura continuaram a ser feitas depois da Copa das Confederações.