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Estado de Minas

Eike vende sua parte em fábrica de chips de Ribeirão das Neves para argentinos

Grupo EBX, que não vinha cumprindo investimentos previstos, é substituído pela Corporación América, mas valor do negócio não foi revelado. Prazos serão mantidos


postado em 14/01/2014 06:00 / atualizado em 14/01/2014 07:56

Prédio da Six Semicondutores, cujas obras já estão em estágio avançado e que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2015(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Prédio da Six Semicondutores, cujas obras já estão em estágio avançado e que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2015 (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

O conglomerado argentino Corporación América, que no Brasil possui participações nas empresas que gerenciam os aeroportos de Brasília e Natal, adquiriu do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, a participação de 33,2% na Six Semicondutores. A fábrica de chips está em construção em Ribeirão das Neves e deve entrar em funcionamento em meados do ano que vem. Como o grupo EBX não vinha cumprindo os aportes previstos no cronograma, a entrada do grupo argentino como novo integrante do negócio garante a continuidade do projeto, que prevê investimentos na ordem de R$ 1 bilhão. Desse total, 40% contarão com financiamentos de longo prazo, em linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), entre outros.

Eduardo Eurnekian, presidente da Corporación América, não revelou o valor negociado com o empresário Eike Batista. O montante teria sido acordado rapidamente, após os primeiros contatos entre os dois grupos. O executivo garantiu que todos os pontos iniciais previstos no contrato serão cumpridos. O grupo EBX já havia investido R$ 81 milhões, faltando ainda R$ 164 milhões. A Six Semicondutores tem a participação do BNDES, BDMG, da norte-americana International Business Machines (IBM) e Matec Investimentos e Tecnologia Infinita WS-Intecs. Com a entrada do grupo argentino, as demais participações não se alteraram.

O governador de Minas, Antonio Anastasia, ressaltou que, desde que a EBX deixou o projeto, o BNDES e o BDMG fizeram um trabalho prospectivo. “A Corporación América já tem uma identidade muito forte com o segmento”, ressaltou. O grupo argentino controla a empresa Unitec Blue, que inaugurou no ano passado uma planta a 120 km de Buenos Aires, especializada na pesquisa e encapsulamento de semicondutores. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, ressaltou o impulso para toda a cadeia produtiva do setor. Os dois projetos, do Brasil e da Argentina, poderão trabalhar de forma complementar , fornecendo matéria-prima de alta tecnologia para o mercado interno e também para exportação. A intenção é que seja desenvolvido um polo de tecnologia em parceria com universidades, o que já ocorre na fábrica da Argentina.

O Grupo Corporación América é um conglomerado que atua em diversos setores, incluindo tecnologia, aeroportos, serviços financeiros, rodovias, energia e agronegócio. O grupo está presente em nove países. No Brasil, possui participações nas empresas que gerenciam os aeroportos de Brasília e Natal.

OTIMISMO


Em Ribeirão das Neves, as obras da empresa devem ser adiantadas a partir de agora e a perspectiva da população que vive no entorno da fábrica e assiste com curiosidade ao passo a passo da construção é de que a fábrica sirva para impulsionar a atividade econômica em Ribeirão das Neves. “Hoje, a cidade é conhecida como dormitório porque os moradores não têm emprego aqui e precisam sair para trabalhar em cidades vizinhas”, observa a dona de casa Janaina de Fátima Oliveira. Para ela, mesmo que a Six não gere empregos diretos para a população local, ter uma fábrica de alta tecnologia vai contribuir para trazer novas perspectivas para a cidade. “Aqui é um lugar bom para se viver, o que falta é emprego e desenvolvimento. A vinda de fábricas para cá, muda o estigma da cidade que pode se transformar em um centro de indústrias e ser reconhecida por isso”, compara.

Outro que conta com os bons frutos da fábrica às margens da BR-040 é o comerciante Micherlande Rocha. Dono de uma padaria próxima à Six, ele espera que novos clientes apareçam para o seu negócio e comenta que, no bairro, onde muitas ruas ainda não são asfaltadas e falta infra-estrutura básica, já ronda uma especulação quanto à valorização dos terrenos no entorno da indústria.

A Six Semicondutores deve manter também inalterado seu modelo de negócios como fabricante de chips para utilização em aplicações industriais, agricultura de precisão, cartões inteligentes, aplicações médicas de ponta e ciências da vida. Seu diferencial competitivo será a criação, o desenvolvimento e a produção de circuitos integrados customizados, operando em nichos e obtendo, consequentemente, margens maiores do que na produção em massa de semicondutores.

Eusébio da Silva é aposentado e dono de um botequim nos arredores. Ele nunca ouviu falar sobre chips customizados, mas diz que seja qual for a tecnologia que a empresa desenvolva em Ribeirão das Neves, sua expectativa é que essa fábrica ajude a trazer mais empregos, especialmente para os jovens do município.


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