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Estado de Minas

Ampliação da pista de Confins atrasa e limita aumento de voos no aeroporto

Previsto para começar neste mês, execução da segunda fase da ampliação será iniciada só no mês que vem. Atraso limita aumento de voos no aeroporto. Infraero garante prazo


postado em 22/01/2014 06:00 / atualizado em 22/01/2014 07:16

Trabalhos nas aéreas de pouso, decolagem e estacionamento de aeronaves tiveram início em setembro e já estouraram a data para entrega (foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/D.A Press 23/10/2013)
Trabalhos nas aéreas de pouso, decolagem e estacionamento de aeronaves tiveram início em setembro e já estouraram a data para entrega (foto: Angelo Pettinati/Esp.EM/D.A Press 23/10/2013)

O início da segunda fase das obras de ampliação da pista do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, vai atrasar. Prevista para começar neste mês, ela foi prorrogada para a segunda quinzena do mês que vem, segundo informações da Infraero repassadas à Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). Depois dos seguidos atrasos na obra de ampliação do terminal de passageiros, é a primeira vez que se fala em retardar uma das outras três obras contratadas pela empresa estatal para o aeroporto mineiro – além da pista, o pátio de aeronaves é ampliado e o terminal de aviação geral remodelado para receber passageiros. A Infraero confirma “ajustes no cronograma”, mas garante que a obra será entregue até março, como previsto.

Segundo o diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear, Ronaldo Jenkins, a entidade foi informada anteontem que a empresa contratada para a obra de expansão da pista, que vai passar de 3 mil para 3,6 mil metros, vai retardar o início da etapa para “fazer testes com um novo produto” que será usado na reforma. A Infraero se limita a dizer que “precisou fazer ajustes no cronograma para iniciar a etapa seguinte de serviços”, diz por meio de nota.

A obra de ampliação da pista foi dividida em duas etapas: ampliação e reforma. A primeira, iniciada na última semana de setembro, consiste no aumento de 600 metros da pista. A etapa deveria ter sido concluída mês passado. A segunda refere-se a melhorias nas condições de segurança, atrito e durabilidade do asfalto. A previsão era que fosse iniciada neste mês. Para a execução dessa fase, a pista será interditada por sete horas diárias, das 23h às 6h, o que, antes da definição dos horários, inclusive, gerou debate sobre o risco de cancelamento dos voos internacionais.

Segundo informações publicadas no site da Infraero em 16 de setembro, a etapa deveria demorar 120 dias. Mas, segundo a assessoria de imprensa da empresa estatal, até março os serviços serão concluídos. “Cabe ressaltar que a previsão de conclusão da melhoria é março de 2014”, diz nota encaminhada ao Estado de Minas. As garantias dadas pela estatal, no entanto, parecem não surtir o efeito esperado nem entre seus pares do governo federal. Ao analisar os pedidos de voos extras para a Copa do Mundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desconsiderou o aumento operacional previsto com as obras do pátio e da pista de Confins. Respeitar o limite operacional foi um dos parâmetros adotados pela agência, segundo o presidente Marcelo Guaranys.

O mesmo se repetiu entre as companhias aéreas. Sem ter a certeza da conclusão das obras, as empresas limitaram os pedidos de voo. “Consideramos o que a Anac considera. Não podemos considerar além se não teríamos o voo negado”, afirma Jenkins sobre a limitação dos pedidos de voo para Confins devido às restrições operacionais do aeroporto.

Prova disso é que Confins é um dos aeroportos com menor variação de fluxo com os voos extras. Apesar de a agência reguladora manter em sigilo os números, a variação é próxima de 10%, enquanto Viracopos e Guarulhos, segundo números preliminares, teriam aumento superior a um terço do número de voos. A obra do pátio de aeronaves mais que triplica o espaço disponível para estacionamento em Confins, o que poderia fazer do aeroporto uma alternativa para abrigar os aviões, mas, por enquanto, devido aos níveis de execução da obra, isso não está em pauta.

O diretor da Abear explica que o fato de o Aeroporto Tancredo Neves operar no limite torna-se um empecilho para que ele sirva como alternativa para outros aeroportos. Em caso de problemas climáticos em uma cidade, por exemplo, usa-se o terminal mais próximo para o pouso, mas Confins não é mais tido como alternativa para o Rio de Janeiro. “Não tenho condição de fazer voo alternado para Confins. Já trabalhamos no limite. Isso está ligado às obras. O problema de Confins está ligado à disponibilidade operacional que se tem hoje”, afirma.

Caso as obras sejam concluídas no prazo, como a Infraero tem garantido, as empresas não descartam aumentar o número de voos extras. Novas reuniões para tratar de ajustes na malha aérea para a Copa do Mundo serão feitas entre os órgãos contraladores e as companhias e pequenas modificações podem ser feitas até dias antes das partidas. “Tem a possibilidade de fazer ajustes até às vésperas do dia de jogo. Essa é a nossa esperança”, diz Jenkins.

* O repórter viajou a convite da Abear

Pouco impacto na demanda

Apesar da realização da Copa do Mundo em doze cidades diferentes do país, a demanda por voos domésticos deve crescer apenas 7,5% neste ano no Brasil. A variação é um ponto percentual maior que a registrada em 2013 (6,5%) e meio ponto superior à de 2012 (7%). A projeção é da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Para a oferta em 2014, o prognóstico é de manutenção, mesmo com as quase duas mil rotas extras autorizadas pela Anac para o período do evento esportivo. Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, explicou que a entrada desses novos trechos não surte muito efeito no total porque deverá ser compensada pela retirada de outros voos entre junho e julho mais usados por executivos. A substituição de público – ou seja, menos engravatados e mais torcedores – justificaria o pequeno aumento na quantidade de passageiros transportados.

“O que a experiência nos mostra é que na África do Sul, Alemanha e Londres houve redução no tráfego aéreo durante os eventos esportivos. Aqui, 70% ou 75% do tráfego cotidiano são do setor corporativo. Esse passageiro tende a diminuir drasticamente no período da Copa. Em parte, isso é substituído pelo tráfego do evento. Apenas em parte”, frisou Sanovicz. Perguntado sobre se a ausência de outros modais, como ferroviário e rodoviário, além da diferença de tamanho do Brasil em relação à Alemanha, por exemplo, não vão sobrecarregar os aeroportos, Sanovicz disseter consciência de as aéreas serem “fundamentais para o sucesso do evento”.

Atrasos
O presidente da Abear evitou falar em caos ou dor de cabeça para os passageiros. O diretor de segurança e operações de voo da Abear, RonaldoJenkins, no entanto, disse que o atraso nas obras de alguns aeroportos, como o de Fortaleza e de Cuiabá, preocupa. “Isso (atraso), para nós, é bastante preocupante tendo em vista a necessidade de espaço em pátio para as aeronaves. Se determinados locais não estiverem prontos, teremos problemas para serem enfrentados na Copa”, disse Jenkins.


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