A conta do Natal de 2013, os reajustes de preços típicos do início de ano e o pagamento de impostos como IPTU e IPVA contribuíram para a elevação do endividamento das famílias neste mês, afirmou a economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com a CNC, o porcentual de famílias com dívidas chegou a 63,4% em janeiro, um avanço em relação aos 62,2% de dezembro de 2013.
O aumento da renda e a expansão do crédito, ainda que em ritmo mais lento, ainda permitiram que as famílias acomodassem mais dívidas sem comprometer grande parcela do orçamento. Por isso, os endividados neste mês também superam a fatia registrada em janeiro de 2012 (60,2%). "Há diversos meses que observamos essa alta (na comparação com igual mês do ano anterior)", afirma Marianne.
A elevação segue a tendência observada em 2013, somada ao efeito sazonal do primeiro trimestre do ano, quando as famílias normalmente têm mais dívidas para quitar. Além disso, a forte expansão do crédito imobiliário tem contribuído para elevar as estatísticas de endividamento.
Apesar disso, a economista destaca que o nível atual de comprometimento da renda não preocupa do ponto de vista da inadimplência. "No curto prazo, as condições são positivas. Dados da oferta de crédito mostram que a concessão está mais seletiva. Além disso, as famílias estão bem otimistas em relação a seu nível de endividamento", disse.
Nem o aumento do porcentual de famílias que se consideram muito endividadas (de 11,6% em dezembro para 12,2% em janeiro) muda essa percepção. Isso porque o prazo das dívidas está mais longo. De acordo com a CNC, o prazo médio das contas a pagar é de 6,8 meses (contra 6,5 meses em janeiro do ano passado).
"Uma parcela mais importante, de 30,4%, tem dívida por mais de um ano. Ou seja, essas famílias estão carregando suas dívidas por um prazo mais longo", acrescentou Marianne, para quem essa estatística corrobora a perspectiva positiva para inadimplência.
Há, porém, uma fatia de 19,8% entre as famílias endividadas que declaram ter mais da metade do orçamento comprometido. Para Marianne, trata-se de uma fatia alta segundo os padrões internacionais, mas ela minimiza o dado, tendo em vista o histórico do País. "Há uma parcela importante com comprometimento alto da renda. Mas, por outro lado, desde o início da pesquisa esse porcentual já ficou acima de 30%", disse.