O governo argentino afirmou nesta quinta-feira que não induziu a forte desvalorização do peso ocorrida ontem, quando houve queda de 3,41%, a maior dos últimos 12 anos. "Não foi uma desvalorização induzida pelo Estado. Em resumo, para aqueles amantes do livre mercado, a oferta de divisas é a que se expressou ontem no mercado de câmbio", disse Jorge Capitanich, chefe de Gabinete de Ministros. Em entrevista nesta manhã, o ministro destacou que o sistema de câmbio na Argentina é de "flutuação administrada", mas ontem o Banco Central, segundo ele, "não comprou nem vendeu dólares".
A autoridade monetária tem realizado intervenções no mercado desde janeiro de 2002, quando foi decretado o fim da conversibilidade, regime pelo qual um peso valia o mesmo que um dólar, com a economia atrelada à moeda norte-americana. As intervenções oficiais diárias sempre tiveram o objetivo de evitar oscilações bruscas no valor da moeda. Porém, ontem, o BC não operou no mercado, segundo operadores.
O câmbio oficial subiu 3,41%, para 7,075 pesos (compra) e 7,125 pesos (venda), enquanto a alta do paralelo foi de 2,45%, elevando o valor da moeda a 12,10 (compra) e 12,15 pesos (venda). Operadores relataram que a desvalorização do peso no câmbio oficial foi acelerada nos últimos minutos do fechamento do mercado, com uma perda de 23 centavos, em consequência de uma "verdadeira onda de compras".
Ritmo similar a este só foi registrado em 18 de abril de 2002, quando houve desvalorização de 25 centavos e a moeda foi cotada a 3,15 pesos por unidade. Somente em janeiro, o peso acumulou desvalorização de quase 9%. Desde o início de 2013, as reservas do BC recuaram quase 30% e baixaram US$ 1,156 bilhão, para US$ 29,443 bilhões.