Depois de quatro anos seguidos de queda, o desemprego voltou a subir na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), saindo de 5,1% em 2012 para 6,9% em 2013. O avanço, o primeiro desde 2009, pode ser atribuído a uma mistura entre o baixo crescimento do país e o aumento da População Economicamente Ativa (PEA), que não foi acompanhado na mesma proporção pela abertura de postos de trabalho na região. Nesse período, 106 mil pessoas saíram em busca de emprego, elevação de 4,5% entre 2012 e 2013, enquanto o nível de ocupação cresceu em 2,5%, ou 56 mil novas vagas. Assim, a diferença entre o número de pessoas que procuraram trabalho e o que efetivamente conseguiram ficou em 50 mil em 2013. No ano, o total de desempregados foi estimado em 171 mil pessoas e o de ocupados, 2,3 milhões.
De acordo com ele, para gerar postos de trabalho que atendessem a toda a demanda por emprego na RMBH no ano passado, o crescimento econômico do país teria que ter sido muito maior do que o apurado em 2013. “O desemprego ficou em 5,1% em 2012 e é possível que isso tenha animado as pessoas a buscarem uma nova ocupação no ano passado”, analisa Souza. Na comparação com 2012, a taxa de desemprego diminuiu em Recife, Fortaleza, São Paulo e Porto Alegre e aumentou em Belo Horizonte e Salvador. No conjunto das regiões pesquisadas, o desemprego total caiu de 9,7% em dezembro de 2012 para os atuais 9,3%. “Já o desemprego aberto ficou estável em 7,3% e o desemprego oculto saiu de 2,4% para 2%”, diz.
Na RMBH, entre 2012 e 2013, o desemprego aberto aumentou de 4,7% para 6,2% e o desemprego oculto subiu de 0,4% para 0,7%. A indústria de transformação cresceu 6,4% (19 mil novos empregos) e o setor de serviços aumentou 2,3%, com 29 mil postos de trabalho a mais no ano, enquanto a construção civil cresceu 2,9% (6 mil novos empregos). O único setor que manteve relativa estabilidade foi o de comércio e reparação de veículos (0,2% ou 1 mil vagas).
Rendimento No ano, embora o desemprego tenha aumentado, a renda dos ocupados cresceu, em média, 11,8% na capital mineira e seu entorno, lembra o especialista. Já o rendimento dos assalariados aumentou 12,4%, o que representou uma inversão na tendência de queda registrada em 2011 e 2012. Segundo a FJP, no ano passado, a remuneração média dos ocupados foi estimada em R$ 1.727 e a dos assalariados em R$ 1.701. O rendimento médio dos trabalhadores sem carteira assinada aumentou 26,8%, o do setor público 17% e o dos empregados 9,4%.
De acordo com Plínio Campos, todos os setores de atividade econômica no segmento privado analisados na PED obtiveram ganhos em seu rendimento médio. O destaque ficou com serviços, com acréscimo de 12,1% e rendimento de R$ 1.524. Na indústria de transformação e no comércio e reparação de veículos, os aumentos foram de 4,6% (para R$ 1.569) e de 3,8% (para R$ 1.207). O pesquisador chama a atenção para o fato de que, desde 2003, o rendimento na região cresceu 44,6%. “As maiores taxas foram as dos grupos de ocupação com inserção mais frágil, como os empregados domésticos (91,2%), assalariados sem carteira assinada (92%) e trabalhadores autônomos (65,8%).
Dezembro Entre dezembro e novembro de 2013 a taxa de desemprego ficou estável em 6,6% da PEA na RMBH. Nesse período, houve redução de 10 mil pessoas entre os ocupados, acompanhada da retração no número de pessoas à procura de trabalho. “Os últimos meses do ano têm impacto negativo na construção civil. As chuvas colaboraram para a redução de obras e reformas e isso reduziu a contratação de mão de obra”, explica Campos. A expectativa, segundo ele, é que o setor volte a crescer a partir de março.