São Paulo, 30 - A taxa de inadimplência para pessoas físicas em 2014 deve manter os níveis do ano passado, na avaliação do economista da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), Flávio Calife. "O Indicador de Risco de Crédito (IRC) do Consumidor, que é um indicador antecedente, aponta estabilidade no início de 2014 e possibilidade de queda da inadimplência no 3º trimestre, mas a nossa expectativa para o fim do ano é de que a inadimplência retorne ao patamar do final de 2013", afirma.
O Banco Central (BC) divulgou ontem que a taxa de inadimplência nos bancos para pessoa física encerrou 2013 em 6,7%. "Trabalhamos com a expectativa de que 2014 deve ter uma taxa em torno de 7%, o que consideramos estabilidade", reforça.
O economista destacou ainda que no ano passado houve uma melhora na inadimplência. O indicador de registro de inadimplentes de pessoas físicas, calculado pela Boa Vista, apresentou um saldo negativo de 0,4% ante 2012, quando o registro havia crescido 4,5%. "As novas safras de crédito concedidas em um contexto mais rigoroso são melhores e a consequência disso é uma taxa menor de registros", explica Fernando Cosenza, diretor de Sustentabilidade da Boa Vista.
De acordo com Cosenza, consumidores mais cautelosos e credores mais seletivos influenciaram também o menor ritmo de crescimento da demanda de crédito e do comércio. "Esperamos que o crédito continue crescendo, mas vai crescer menos do que em anos anteriores", diz. Segundo a Boa Vista, a Demanda por Crédito do Consumidor em 2013 caiu 0,3% na comparação com o ano anterior, quanto o indicador cresceu 7,2%.
Calife destacou que o Movimento do Comércio foi um dos indicadores que apresentaram um desempenho abaixo do esperado no ano passado, quando registrou expansão de 1,9% ante crescimento de 6,9% em 2012 e alta de 7,8% em 2011. "O número vem caindo. O movimento do comércio não está negativo, mas o crescimento está menor", afirma. A estimativa para este ano é manter esse nível ou chegar a algo em torno de 3% de expansão. "Não deve voltar à faixa dos 7%."
Consenza ponderou ainda que a realização da Copa do Mundo não altera muito o cenário projetado para 2014. "Existe uma expectativa de que o comércio seja beneficiado, mas existe também uma incerteza sobre o tamanho desse movimento", ressalva.