Brasília – O Itaú Unibanco anunciou nessa terça-feira lucro de R$ 15,69 bilhões no ano passado, o maior da história do banco e do país. O resultado da instituição financeira, líder na América Latina, foi superior às expectativas do mercado, com aumento de 15,5% em relação a 2012 e rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 20,9%. No quarto trimestre de 2013, a lucratividade avançou 33,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
"Estamos recomendando a exposição ao Itaú, pois o banco consegue apresentar grande eficiência", disse o economista Thiago de Souza, da equipe de analistas da corretora XP Investimentos. As ações do banco puxaram ontem a recuperação da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), depois de uma péssima segunda-feira. O Ibovespa fechou em alta de 1,77% puxado pelo ganho de 4,85% nos papéis do banco.
"É o melhor resultado do setor. O do Banco do Brasil está para sair, mas não achamos que virá nada parecido com isso", disse Souza. O Bradesco já apresentou seu resultado, de R$ 12,2 bilhões em 2013, 5,9% superior a 2012.
O resultado do Itaú no quarto trimestre veio 8,5% acima da estimativa que havia sido feita pela XP, número coincidente com o da BB Investimentos, cujos analistas chamaram atenção, porém, para um detalhe negativo: o aumento das despesas operacionais. O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse ontem em entrevista a jornalistas após a divulgação do balanço que pretende limitar a evolução desses gastos ao longo deste ano e dos próximos. "Elas não devem crescer mais do que a inflação", afirmou.
Souza, da XP, afirmou que o Itaú ganhou ao apostar em mercados mais rentáveis, deixando de lado por exemplo seguros de veículos. Setubal confirmou que a estratégia é atuar em alguns segmentos de seguros, mas não naqueles que são vendidos por corretores, fora de agências.
O banqueiro quer crescer nos empréstimos imobiliários, consignados e de veículos, mesmo aumentando a seletividade para reduzir a inadimplência, que caiu 3,7% em um ano no banco. No caso de veículos, por exemplo, a parcela financiada caiu de 100% para 80%. Isso permitiu reduzir as provisões por empréstimos duvidosos em 27% no quarto trimestre.
O banco teve também aumento das receitas com serviços, de 17%. Setubal afirmou que isso se deve, em grande parte, à compra da Credicard pelo Itaú: no segmento de cartões, as taxas de serviços rendem mais receitas que na média dos bancos. A carteira de crédito do banco cresceu 13,5% em 2013, dos quais 1,8 ponto se referem à incorporação da Credicard. “Pretendemos continuar a crescer nesse ritmo”, disse o presidente do banco.
Setubal minimizou os riscos da multa bilionária aplicada pela Receita Federal na segunda-feira por impostos não pagos. O banco recorreu. "A chance de perdermos é muito pequena", disse ele. O Itaú não fez provisões para eventuais perdas com isso. Ele também confia em desfecho favorável no julgamento das perdas de poupadores com a correção de depósitos por planos econômicos, em pauta no Supremo Tribunal Federal. “Os bancos cumpriram a lei e rigorosamente não ganharam nada. Os correntistas tiveram perdas muito pequenas no caso de alguns planos e até ganhos em outros”, disse.