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Estado de Minas

Linhão da Belo Monte que vai escoar energia é arrematado, mas carga só virá em 2019

A nova linha terá potência de 4 mil a 11 mil MW, inferior à que atende Itaipu, de até 14 mil MW


postado em 08/02/2014 06:00 / atualizado em 08/02/2014 07:51

Brasília – O consórcio formado pela chinesa State Grid (51%) e por Furnas e Eletronorte (49%), subsidiárias da Eletrobras, venceu nessa sexta-feira a disputa pela concessão para erguer e operar a linha de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu (PA). O grupo de estatais bateu os dois concorrentes no leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) ao propor receita anual de R$ 434,6 milhões, um desconto de 38% sobre o teto fixado pelo edital da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de R$ 701 milhões.

Os 2,1 mil quilômetros de cabos de alta tensão entre Xingu (PA) e Estreito (MG), passando por Tocantins e Goiás, que compõem o chamado linhão de Belo Monte, vão levar ao Sudeste a energia fornecida pela terceira maior usina do mundo, com potência de 11,2 mil megawatts (MW) e que deve gerar 4.571 MW médios. O pacote inclui a montagem de duas estações conversoras, para reduzir a tensão.

A nova linha terá potência de 4 mil a 11 mil MW, inferior à que atende Itaipu, de até 14 mil MW. Apesar da escassez de energia no país, o contrato prevê o início da operação apenas em janeiro de 2019. Os vencedores estimam investir R$ 5,1 bilhões, pelo menos 50% financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A State Grid – maior companhia energética do mundo e líder na tecnologia de redes transmissoras – deverá arcar com 10% do investimento, sem respaldo da estatal federal Eletrobras, em grave situação financeira desde a reestruturação patrimonial do setor empreendida pelo Planalto. O restante dos recursos deve ser captado no mercado junto ao FI-FGTS e via emissão de debêntures.

O certame dessa sexta-feira foi cercado de grande expectativa, sendo promovido na mesma semana em que o país sofreu um apagão em 13 estados além do Distrito Federal, deixando 6 milhões de consumidores sem luz, e na qual foram registrados picos históricos de consumo de eletricidade. As instalações do linhão devem entrar em operação no prazo de até 46 meses após a assinatura dos contratos. A remuneração mensal a ser paga pelo governo aos operadores virá com o início das atividades, que podem ser antecipadas em um ano. A concessão tem prazo de 30 anos, prorrogáveis.Apesar disso tudo, os demais participantes não mostraram nem de longe o mesmo apetite pelo risco do vencedor. O consórcio formado pela Taesa, do grupo Cemig, e pela Alupar ofereceu R$ 666,4 milhões, deságio de 4,92%, e a Abengoa, R$ 620,4 milhões, 11,5% abaixo do valor máximo permitido.

Cemig amplia participação O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a compra pela Cemig Geração e Transmissão (Cemig GT) de até 49% de participação de 9% no capital da Norte Energia detida pela Vale. A Norte Energia é responsável pela construção, operação e exploração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O aval para o negócio, que custou aproximadamente R$ 206 milhões, foi publicado ontem, no Diário Oficial da União (DOU). O consórcio Norte Energia prevê o início de sua operação em 2015. Mas a conclusão total só deve ocorrer em janeiro de 2019, após R$ 28,9 bilhões de investimentos estimados.


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