Um dos destaques da "inflação gregoriana" neste começo de ano, a educação, já foi captado pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. Mas, por questões de metodologia, só deve aparecer no índice oficial de inflação, o IPCA, em fevereiro. Puxado pelos serviços, o grupo Educação subiu 6,95% em janeiro, a maior alta mensal para o grupo desde 2004. Naquele ano, o grupo Educação tinha subido 9,28%.
"A maioria dos serviços que subiram de forma mais intensa nessa virada de ano estão ligados à educação", observa o coordenador do IPC-Fipe, Rafael Costa Lima. Nesse rol estão, por exemplo, as despesas com educação infantil, que subiram 10,15% em janeiro. No mesmo período, o ensino fundamental ficou 10,16% mais caro; o ensino superior teve alta de 7,87%; o berçário, 7,55%; e a pós-graduação, 6,44%, aponta a Fipe.
O economista explica que os preços do grupo Educação são reajustados pelo retrovisor, isto é, com base na inflação passada. E como a inflação tem se mantido em níveis elevados nos últimos anos, isso acaba tendo reflexos nos porcentuais de reajustes dos anos seguintes.
Margem
O vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, José Augusto de Mattos Lourenço, explica que as escolas só podem aumentar as mensalidade uma vez por ano, e elas têm de comunicar o porcentual do reajuste 45 dias antes do início do ano letivo. Isso significa que os colégios determinam os índices de reajustes sem ter conhecimento pleno da inflação fechada do ano anterior.
Essa metodologia leva as escolas a embutir uma margem de segurança para se resguardar de alguma surpresa no resultado exato da inflação passada. Neste ano, por exemplo, Lourenço diz que os reajustes dos preços das mensalidades variaram entre 8,5% e 10%. Segundo ele, são porcentuais semelhantes aos aplicados no começo de 2013.
Para chegar a esse número, o vice-presidente do sindicato diz que são considerados vários fatores. O primeiro é a inflação passada de 6%. Fora isso, mais 2 pontos porcentuais se referem a reajustes de salário dos professores. Por último, as escolas agregam os gastos por causa de novas tecnologias.