O Banco do Brasil, maior banco do país por ativos, anunciou nessa quinta-feira que teve lucro líquido de R$ 15,8 bilhões em 2013, valor 29,11% superior ao registrado em 2012 e recorde na história do país. O resultado foi influenciado pelos R$ 5,4 bilhões captados pela abertura do BB Seguridade. Descontado este efeito, não recorrente, o lucro ajustado foi de R$ 10,3 bilhões. Com o resultado, o BB superou o Itaú Unibanco, que divulgou lucro de R$ 15,7 bilhões no ano passado, impulsionado por redução de inadimplência, aumento de receitas e expansão maior que a estimada da carteira de crédito. Apesar do resultado recorde, as ações do Banco do Brasil lideraram as baixas no Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo, ao caírem 4,93%, a R$ 20,82.
Apesar de previsto por analistas, o desempenho ruim no último trimestre do ano passado desagradou o mercado, segundo operadores. Entre outubro e dezembro, o banco teve lucro de R$ 3,025 bilhões, queda de 23,7% sobre igual período do ano anterior. “De um modo geral, o resultado (do Banco do Brasil) foi fraco. O ano passado foi marcado, para o setor bancário como um todo, pela rigidez maior na concessão de crédito, porque a economia brasileira não teve um bom desempenho, forçando as instituições financeiras a priorizar a qualidade de suas carteiras de financiamentos. O BB, no entanto, fez o movimento contrário dos bancos privados”, afirma Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Para Müller, o BB foi dando crédito e com isso houve uma piora na qualidade da sua carteira de financiamentos. “O governo sacrificou um pouco o Banco do Brasil para tentar amenizar o cenário de maior rigidez na concessão de crédito, o que freia o crescimento da economia”, acrescenta o analista da Geral Investimentos. Em relatório, o banco americano JP Morgan disse que, “embora as tendências operacionais tenham sido mistas”, o resultado trimestral do BB ampara a “visão de que o crescimento dos lucros continuará sendo um desafio em 2014”.
O banco informou ainda que a carteira de crédito ampliada, que inclui títulos e valores mobiliários privados e garantias prestadas, cresceu 19,3% no ano, na comparação com 2012, chegando a R$ 692,9 bilhões em dezembro. A participação do banco no mercado de crédito é de 21%, segundo comunicado. O crédito imobiliário aumentou 87,2% no ano passado, chegando a R$ 24,1 bilhões. Os financiamentos às empresas representaram R$ 5,9 bilhões do total, avanço de 122,6%, e às pessoas físicas, R$ 18,2 bilhões, alta de 78% no mesmo período.
O BB destacou que o seu índice de inadimplência (considerando dívidas vencidas há mais de 90 dias) foi equivalente a 1,89%, abaixo da média do sistema financeiro nacional, que foi de 3% no ano passado, o menor nível já verificado pelo Banco Central.
PROJEÇÕES Em linha com as perspectivas de mercado, a instituição divulgou uma projeção mais conservadora para o crescimento da sua carteira de crédito ampliada, que inclui títulos e avais, neste ano que deve ser de no mínimo 14% e no máximo de 18%. O maior crescimento do crédito em 2014 deve vir, conforme o BB, do segmento do agronegócio. O banco espera que os empréstimos para este fim avancem entre 18% e 22% neste ano. O intervalo projetado, porém, é inferior ao do ano passado que indicava para avanço de no mínimo 24% e no máximo 28%.