Os investimentos em programas de uso racional de água na produção industrial vão de desembolsos fixos anuais a medidas simples de gerenciamento, que nem sempre implicam grandes cifras. A Cenibra tem investido US$ 500 mil por ano na melhoria de processos visando a recirculação de água na planta industrial de Belo Oriente e na área florestal, com o plantio de árvores nativas que ajudam na conservação dos lençóis de água da extensa região em que mantém suas florestas plantadas.
Segundo o diretor industrial e técnico da companhia, Robinson Félix, quase 95% da água utilizada na produção de celulose retornam aos mananciais do Rio Doce, depois de passar por sistemas modernos de tratamento de efluentes. “Estamos menos vulneráveis, com certeza, nos preparando a cada ano para garantir a sustentabilidade do negócio”, afirma.
Ricardo Barbosa, da Votorantim, considera valiosas ações pontuais como mudanças de tubulação no curso das linhas de produção, e atitudes que só dependeram do gerenciamento mais dedicado aos recursos hídricos. A redução da captação de água no Rio São Francisco para abastecer a unidade fabril de Três Marias permitiu que a companhia desligasse uma bomba no Velho Chico, que demandava R$ 350 mil por ano em energia.
Medidas de gestão e que não envolveram desembolso significativo – a Votorantim investiu R$ 600 mil desde 2008, permitindo a reutilização de 42% da água usada na fábrica mineira – resultaram em economia de R$ 620 mil. Como a recirculação do insumo evita a necessidade de tratamento de água para descarte, deixaram de ser gastos R$ 260 mil em insumos químicos. O valor pago a título de outorga neste ano, de R$ 95,6 mil diminuirá em cerca de R$ 10 mil.
Atenção redobrada
O professor Mário Cicareli, da UFMG, observa que a continuidade do regime adverso da atmosfera poderá conduzir o país a um inevitável racionamento. “O estoque de água que tinha de ter sido renovado até fevereiro não passou por esse processo e em algumas regiões do estado chove um décimo do esperado”, afirma. Na avaliação do especialista, tem de haver uma reviravolta atmosférica para que o Brasil evite grave desequilíbrio nos próximos meses.
"A situação é crítica e de escala planetária", diz Cicareli. O diretor da Vale, Lúcio Cavalli, diz que há uma preocupação com o período de julho a setembro, se o regime de chuvas não voltar rápido. As minas da companhia trabalham com um sistema que está avançando de captação da água da chuva e armazenamento em cavas e barragens como apoio para equilibrar o consumo nas estações seca e chuvosa. (MV)
Palavra de especialista
Wgner Soares Costa, gerente de meio ambiente da Fiemg
“Choques como o país está vivendo criam um ambiente de alerta no setor privado. As empresas que adotam programas de uso racional da água ganham com a redução dos royalties a ser pagos ao poder público e com a tranquilidade de dispor de um insumo estratégico e que não interrompa a produção. Esses programas estão sendo adotados por boa parte das indústrias, principalmente dos segmentos que saíram na frente: mineração, siderurgia e a fabricação de tecidos e automóveis. (A cobrança pelo uso da água começou nas bacias dos rios São Francisco, Velhas e Paraíba do Sul)."
Segundo o diretor industrial e técnico da companhia, Robinson Félix, quase 95% da água utilizada na produção de celulose retornam aos mananciais do Rio Doce, depois de passar por sistemas modernos de tratamento de efluentes. “Estamos menos vulneráveis, com certeza, nos preparando a cada ano para garantir a sustentabilidade do negócio”, afirma.
Ricardo Barbosa, da Votorantim, considera valiosas ações pontuais como mudanças de tubulação no curso das linhas de produção, e atitudes que só dependeram do gerenciamento mais dedicado aos recursos hídricos. A redução da captação de água no Rio São Francisco para abastecer a unidade fabril de Três Marias permitiu que a companhia desligasse uma bomba no Velho Chico, que demandava R$ 350 mil por ano em energia.
Medidas de gestão e que não envolveram desembolso significativo – a Votorantim investiu R$ 600 mil desde 2008, permitindo a reutilização de 42% da água usada na fábrica mineira – resultaram em economia de R$ 620 mil. Como a recirculação do insumo evita a necessidade de tratamento de água para descarte, deixaram de ser gastos R$ 260 mil em insumos químicos. O valor pago a título de outorga neste ano, de R$ 95,6 mil diminuirá em cerca de R$ 10 mil.
Atenção redobrada
O professor Mário Cicareli, da UFMG, observa que a continuidade do regime adverso da atmosfera poderá conduzir o país a um inevitável racionamento. “O estoque de água que tinha de ter sido renovado até fevereiro não passou por esse processo e em algumas regiões do estado chove um décimo do esperado”, afirma. Na avaliação do especialista, tem de haver uma reviravolta atmosférica para que o Brasil evite grave desequilíbrio nos próximos meses.
"A situação é crítica e de escala planetária", diz Cicareli. O diretor da Vale, Lúcio Cavalli, diz que há uma preocupação com o período de julho a setembro, se o regime de chuvas não voltar rápido. As minas da companhia trabalham com um sistema que está avançando de captação da água da chuva e armazenamento em cavas e barragens como apoio para equilibrar o consumo nas estações seca e chuvosa. (MV)
Palavra de especialista
Wgner Soares Costa, gerente de meio ambiente da Fiemg
“Choques como o país está vivendo criam um ambiente de alerta no setor privado. As empresas que adotam programas de uso racional da água ganham com a redução dos royalties a ser pagos ao poder público e com a tranquilidade de dispor de um insumo estratégico e que não interrompa a produção. Esses programas estão sendo adotados por boa parte das indústrias, principalmente dos segmentos que saíram na frente: mineração, siderurgia e a fabricação de tecidos e automóveis. (A cobrança pelo uso da água começou nas bacias dos rios São Francisco, Velhas e Paraíba do Sul)."