Afonso, Ricardo e Dilson lamentaram seus comércios às moscas, nos últimos dois anos, devido às obras do BRT, o novo modelo de transporte público de Belo Horizonte, que será inaugurado em 8 de março. A pouco menos de três semanas da implantação oficial do sistema, o trio torce para que o volume de pessoas volte a ser como na época anterior às intervenções nas avenidas Paraná, onde Dilson gerencia uma lanchonete, e na Santos Dumont, corredor em que Afonso e Ricardo montaram suas lojas de presentes e acessórios de roupas.
As três principais entidades de classe empresarial ligadas ao comércio da capital – Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) – não têm dados atualizados de quanto o comércio dessas duas avenidas perderam com as vendas. Em 2013, a CDL divulgou duas pesquisas. Num estudo feito em março com 114 lojistas da Santos Dumont, 63,64% dos entrevistados avaliaram que as vendas iriam aumentar tão logo o BRT entrasse em operação.
Boa parte (23,73%) acreditava que o volume subiria de 6% a 10%. Outros 16,95% esperavam um percentual de 23% a 30%. A segunda pesquisa, que ouviu 166 lojistas da Paraná em abril do ano passado, 16,96% haviam respondido que as perdas eram de 41% a 50%. Atualmente, muitos afirmam que os negócios despencaram mais de 90%. É o caso dos comerciantes Afonso, Ricardo e Dilson. Agora, eles esperam que o movimento volte a ser como antes.
Para não fechar as portas, o trio adotou estratégias diferentes. Afonso Celso Matoso Mendes, dono da Loja do Povo, manteve uma funcionária cuidando do empreendimento, quase na esquina com a Rua da Bahia, e viajou para dezenas de cidades do interior, onde negociou as mercadorias em festas, como aniversário de municípios, e feiras. “A perda foi acima de 90%. Daí, precisei vender produtos em festas. Fui em mais de 30 cidades desde o início das obras do BRT. Só assim consegui manter a loja aberta”, desabafa o comerciante.
Mas Afonso visualiza uma luz no fim do túnel: “Estou na expectativa de as vendas aumentarem a partir de 8 de março”. Só de aluguel, Afonso desembolsa R$ 1,5 mil mensais. Já Ricardo Martins, responsável pela SJR Confecções, paga R$ 2,5 mil pela locação da loja em que negocia roupas de times de futebol, acessórios para celulares e outros presentes. Há uma década no local, ele conta que a clientela também diminuiu em mais de 90% durante as obras do BRT.
Ele mantém a esperança de dias melhores com a inauguração do novo sistema, mas receia que o dono do imóvel aumente o preço do aluguel, em razão de a via ter passado por melhorias. “Na Savassi, depois das obras (de recuperação da Praça Diogo de Vasconcelos), donos de imóveis aumentaram o aluguel. A prefeitura também reajustou o IPTU lá. Tenho receio de que isso ocorra na Santos Dumont”, justificou.
Na vizinha Paraná, Dilson da Silva, gerente da Demave Lanches, pensa o mesmo. De um lado, ele avalia que novos ventos vão soprar na avenida com o início do BRT. De outro, ele lamenta possível reajuste no aluguel. “O custo hoje é de R$ 5,6 mil. Durante as obras, como o movimento caiu bastante, a solução foi usar parte do dinheiro arrecadado na outra lanchonete, que fica na Tupinambás, para cobrir os gastos dessa unidade”.
Sem ônibus, sem cliente
O BRT já alterou o trânsito nas duas avenidas. Na Santos Dumont, não haverá mais linha do transporte convencional. Além do novo sistema, apenas o fluxo local será permitido. O mesmo ocorrerá na Paraná. Na prática, o fim do transporte convencional nas duas avenidas significa que não haverá mais concentração de passageiros em frente às lojas, pois as estações do BRT funcionam no que antigamente era o canteiro central. Esse é o temor de Pedro Gonçalves, dono da Louçalar, fundada há 25 anos e que funciona na Santos Dumont. Depois que o ponto em frente à sua loja foi desativado, o movimento despencou e ele precisou demitir cinco de seus seis colaboradores. “Não sei o que ocorrerá daqui para frente. Mesmo que as vendas aumentem, o perdido está perdido”, lamentou. A situação só não foi pior para Pedro porque ele é dono do imóvel.
As três principais entidades de classe empresarial ligadas ao comércio da capital – Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) – não têm dados atualizados de quanto o comércio dessas duas avenidas perderam com as vendas. Em 2013, a CDL divulgou duas pesquisas. Num estudo feito em março com 114 lojistas da Santos Dumont, 63,64% dos entrevistados avaliaram que as vendas iriam aumentar tão logo o BRT entrasse em operação.
Boa parte (23,73%) acreditava que o volume subiria de 6% a 10%. Outros 16,95% esperavam um percentual de 23% a 30%. A segunda pesquisa, que ouviu 166 lojistas da Paraná em abril do ano passado, 16,96% haviam respondido que as perdas eram de 41% a 50%. Atualmente, muitos afirmam que os negócios despencaram mais de 90%. É o caso dos comerciantes Afonso, Ricardo e Dilson. Agora, eles esperam que o movimento volte a ser como antes.
Para não fechar as portas, o trio adotou estratégias diferentes. Afonso Celso Matoso Mendes, dono da Loja do Povo, manteve uma funcionária cuidando do empreendimento, quase na esquina com a Rua da Bahia, e viajou para dezenas de cidades do interior, onde negociou as mercadorias em festas, como aniversário de municípios, e feiras. “A perda foi acima de 90%. Daí, precisei vender produtos em festas. Fui em mais de 30 cidades desde o início das obras do BRT. Só assim consegui manter a loja aberta”, desabafa o comerciante.
Mas Afonso visualiza uma luz no fim do túnel: “Estou na expectativa de as vendas aumentarem a partir de 8 de março”. Só de aluguel, Afonso desembolsa R$ 1,5 mil mensais. Já Ricardo Martins, responsável pela SJR Confecções, paga R$ 2,5 mil pela locação da loja em que negocia roupas de times de futebol, acessórios para celulares e outros presentes. Há uma década no local, ele conta que a clientela também diminuiu em mais de 90% durante as obras do BRT.
Ele mantém a esperança de dias melhores com a inauguração do novo sistema, mas receia que o dono do imóvel aumente o preço do aluguel, em razão de a via ter passado por melhorias. “Na Savassi, depois das obras (de recuperação da Praça Diogo de Vasconcelos), donos de imóveis aumentaram o aluguel. A prefeitura também reajustou o IPTU lá. Tenho receio de que isso ocorra na Santos Dumont”, justificou.
Na vizinha Paraná, Dilson da Silva, gerente da Demave Lanches, pensa o mesmo. De um lado, ele avalia que novos ventos vão soprar na avenida com o início do BRT. De outro, ele lamenta possível reajuste no aluguel. “O custo hoje é de R$ 5,6 mil. Durante as obras, como o movimento caiu bastante, a solução foi usar parte do dinheiro arrecadado na outra lanchonete, que fica na Tupinambás, para cobrir os gastos dessa unidade”.
Sem ônibus, sem cliente
O BRT já alterou o trânsito nas duas avenidas. Na Santos Dumont, não haverá mais linha do transporte convencional. Além do novo sistema, apenas o fluxo local será permitido. O mesmo ocorrerá na Paraná. Na prática, o fim do transporte convencional nas duas avenidas significa que não haverá mais concentração de passageiros em frente às lojas, pois as estações do BRT funcionam no que antigamente era o canteiro central. Esse é o temor de Pedro Gonçalves, dono da Louçalar, fundada há 25 anos e que funciona na Santos Dumont. Depois que o ponto em frente à sua loja foi desativado, o movimento despencou e ele precisou demitir cinco de seus seis colaboradores. “Não sei o que ocorrerá daqui para frente. Mesmo que as vendas aumentem, o perdido está perdido”, lamentou. A situação só não foi pior para Pedro porque ele é dono do imóvel.