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Estado de Minas

Recorde de queixas faz ANS suspender 111 planos de saúde de 47 operadoras

Duas empresas afetadas pela decisão são de Minas, afetando mais de 24 mil usuários


postado em 19/02/2014 06:00 / atualizado em 19/02/2014 07:18

Diante de um índice recorde de reclamações, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que monitora a qualidade de atendimento aos usuários dos convênios privados de saúde, vai suspende a partir de Sexta-feira a venda de 111 planos de 47 operadoras. Entre setembro e dezembro do ano passado, os usuários registram 17.599 reclamações na agência reguladora, sendo que a insatisfação com o não cumprimento dos prazos de atendimento para consultas básicas e com especialistas lideram o ranking.

O ciclo de monitoramento da ANS começou há dois anos e está em sua oitava fase. O objetivo é garantir que o consumidor receba das operadoras de saúde todos os serviços que contratou, sendo a suspensão da venda uma punição pelo descumprimento da norma. Dos 111 planos suspensos, 83 são estreantes na punição e 28 já estavam com a comercialização proibida desde o ciclo anterior, mas não conseguiram melhorar o atendimento aos seus beneficiários. Entre as 47 operadoras, houve 16 novas inclusões. Em Minas Gerais, a operadora Só Saúde permanece na lista com quatro planos suspensos, que atendem 15,7 mil usuários. A Unimed de Montes Claros também está incluída na punição. Seu plano suspenso atende 8,4 mil beneficiários.

Confira as listas de planos suspensos e de planos reativados


A cuidadora de idosos Raquel Ribeiro Marques, de 50 anos, paga por mês cerca de R$ 300 por um plano co-participativo. Ela é usuária do convênio Só Saúde, incluído na lista da ANS, e reclama da piora do atendimento. “Muitos médicos não estão aceitando mais o plano, dizem que ele não existe mais. Tenho que fazer uma cirurgia e não consigo a autorização. É preciso resolver esse problema. A mensalidade eu continuo pagando em dia, sem atrasos”, desabafa.

O diretor-presidente da ANS, André Longo, que divulgou os resultados do oitovo ciclo de monitoramento apontou que a suspensão é importante. “Nesse ciclo, 1,8 milhão de usuários foram protegidos.” Alguns convênios conseguiram melhorar a qualidade do serviço prestado, sendo que 77 planos de 10 operadoras serão reativados. Eles prestam serviços a 3,1 milhões de consumidores. Das 31 operadoras suspensas, 22 conseguiram ter produtos parcialmente liberados para venda. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, lembrou que o monitoramento é uma media preventiva para garantir a qualidade do atendimento a 50 milhões de usuários dos convênios médicos. “O número de reclamações não assusta porque é um sinal de que o canal de comunicação funciona”, justificou.

Desde o início da medida cinco operadoras estão sob direção técnica da ANS, 11 em direção fiscal e nove com planos de recuperação. O modelo de fiscalização também desenvolveu dispositivos para evitar que as operadores usem de manobras como criar planos análogos para continuar a venda sem de fato corrigir os problemas daqueles produtos reclamados pelos consumidores.

O taxista José Marcelo dos Santos, de 69, paga uma mensalidade de R$ 1.876 pelo plano de saúde, que cobre também a mulher. Sua reclamação é quanto aos reajustes que considera abusivos. O último que recebeu foi de 17%. “Estou recorrendo à Justiça para tentar rever os índices.” Angelina Sabatine, de 22, tem boa saúde e usa pouco seu seguro médico. Para ela, um bom plano é aquele que atende seu usuário com rapidez e tem bom canal de comunicação, conseguindo esclarecer com precisão as dúvidas de seus beneficiários.

ATENDIMENTO GARANTIDO  A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) ressaltou que o atendimento aos beneficiários das operadoras que tiveram a comercialização suspensa está garantido. “As operadoras associadas à FenaSaúde estão atentas às demandas dos beneficiários e oferecem canais oficiais de comunicação para esclarecer dúvidas ou resolver eventuais problemas”, informou, em em nota. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) reforçou, também em nota, que setor considera importante o estabelecimento de prazos máximos de atendimento, mas entende que a metodologia de avaliação deve ser aperfeiçoada.

Até o fechamento da edição a reportagem não conseguiu contato com o porta-voz do plano Só Saúde. O Estado de Minas procurou a Unimed de Montes Claros, mas a operadora não respondeu à reportagem.

Destino do Santa Casa

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) continua analisando o processo de alienação da carteira do plano Santa Casa Saúde. Fontes do mercado apostam em uma incorporação dos cerca de 100 mil usuários do convênio Santa Casa pela Vitallis , segunda maior operadora de saúde de Minas Gerais em número de beneficiários. O grupo Santa Casa, que comunicou o fim de suas atividades como operador do segmento, aguarda comunicado da ANS para se posicionar sobre o destino de sua carteira.


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