No cabo de guerra da inflação, a volta às aulas tentou pressionar o avanço do dragão, mas a manutenção das tarifas do transporte público conseguiu freá-lo. De um lado, a educação apresentou a maior elevação entre os oito grupos pesquisados, tendo variado 7,22%, enquanto, do outro, o indicador do grupo Transportes caiu 0,18% em Belo Horizonte. Com isso, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, variou 0,76% em fevereiro na capital. Em janeiro, a alta foi de 0,64%, acumulando 5,58% em 12 meses. No Brasil, o índice teve elevação de 0,7%, tendo acumulado 5,65% nos últimos 12 meses.
Entre os itens que integram o grupo Educação, cinco tiveram altas acima de dois dígitos em Belo Horizonte – educação infantil (11,15%); ensino fundamental (11,27%); ensino médio (10,35%); curso preparatório (22,75%) e curso de informática (11,69%). Reajustes muito acima da inflação acumulada em 12 meses. Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Antonio Braz, as elevações “refletem os reajustes praticados no início do ano letivo, especialmente os aumentos nas mensalidades”.
Depois de forte alta no fim do ano, pelo segundo mês consecutivo o item passagem aérea teve forte redução, contribuindo para o grupo Transportes apresentar variação negativa (-0,18%). Em Belo Horizonte, a queda no primeiro mês do ano foi de 15,66% e neste mês a redução foi de 36,06%. Além disso, contribuiu para que a taxa inflacionária não tivesse alta mais acelerada a manutenção de tarifas do transporte público. Entre as 11 cidades pesquisadas, apenas no Rio de Janeiro houve alta nos ônibus urbanos. Ao lado da capital fluminense, Curitiba elevou também a tarifa de táxi. Nas demais, o preço se manteve. Com peso de 18,46% sobre a inflação, o grupo transportes tem forte representação no indicador de BH.
Na capital mineira, o prefeito Marcio Lacerda segura a elevação das tarifas de ônibus enquanto é feita auditoria nas contas das companhias que operam o serviço. A análise é feita por causa das manifestações realizadas em BH e em todo o país contra os valores das tarifas, os gastos com a Copa do Mundo, entre outros. A empregada doméstica Cristina Souza usa ônibus quatro vezes por dia para trabalhar. Sem o reajuste, a economia fica em aproximadamente R$ 1 por dia. “É ótimo se a tarifa for mantida. Eu uso ônibus para resolver tudo, para trabalhar, sair…”, diz.
Apesar de o governo tentar segurar o dragão, entre outros, elevando a taxa básica de juros (Selic), o indicador mostra que no intervalo entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro o avanço inflacionário foi semelhante ao do ano passado. No período encerrado em fevereiro do ano passado o IPCA-15 subiu 0,68% ante 0,7% neste ano. Logo, no acumulado de 12 meses a variação foi ligeiramente mais alta (0,2%) neste ano. “O efeito sobre a atividade econômica não é tão imediato”, afirma Braz.
FALTA DE CHUVA
Apesar da insuficiência de chuvas, o grupo Alimentação e bebidas se comporta melhor que no ano passado. Em fevereiro de 2013, a variação do grupo no período foi de 1,91% ante alta de 0,75% este ano. Isso porque produtos importantes que integram a cesta tiveram quedas, como o feijão-carioca (3%); batata-inglesa (5,43%); açúcar cristal (1,65%); leite longa vida (4,39%) e óleo soja (1,65%). Segundo Braz, janeiro e fevereiro têm sazonalidade por causa da chuva, mas, como não houve grande incidência neste ano, o grupo alimentação ficou abaixo da média do ano passado, quando a seca também foi intensa. “Para alguns produtos a chuva elevava o preço, e são itens importantes’, afirma.