Investir em ações é sempre um risco de tomar prejuízo, por se tratar de uma renda variável. O principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, acumulou de 2011 ao ano passado – três primeiros anos do governo Dilma Rousseff – o pior desempenho desde os tempos de José Sarney na presidência. Conforme estudo da Mint Capital, a desvalorização acumulada do indicador chegou a 37,7% em termos reais (já descontada a inflação). A perda só foi superada pela queda de 77% ocorrida entre 1985 e 1990. A sova que o mercado de ações está levando se reflete, inclusive, nos fundos de previdência privada, nos quais milhares de brasileiros depositam parte das economias para complementar a aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em média, 30% dos recursos desses fundos estão aplicados em ações, o que significa dizer que o patrimônio, em vez de crescer, está diminuindo, sobretudo porque os 70% restantes, investidos basicamente em títulos públicos, não estão compensando o prejuízo na bolsa. Lenon Borges, analista da Ativa Corretora, explica que a queda do Ibovespa no governo Dilma não foi à toa. “Quem determina o valor das ações na bolsa brasileira são os investidores estrangeiros, hoje com participação de 44% nos negócios. E eles estão vendendo os papéis porque há muita desconfiança em relação à política econômica do governo. Por isso, o índice está em queda há três anos seguidos”, ressalta.
As turbulências que abalaram o mercado no ano passado devem continuar em 2014, e o quadro ainda é incerto para quem quer apostar na bolsa. A redução nas injeções de dólares na economia norte-americana pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, diminuirá o fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil. Fatores externos e domésticos, como as eleições presidenciais, sugerem volatilidade no curto prazo e, para um investidor pequeno, pode ser arriscado.
Diversidade
A saída de estrangeiros da Bovespa pode abrir oportunidades para os investidores nacionais. Para o educador financeiro Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, o mais inadequado é justamente tentar acertar a hora de entrar ou sair do mercado acionário. Investir pouco, mas sempre e por um longo período, é uma delas. Reinvestir os lucros com dividendos pagos pelas companhias é outra. Diversificar a carteira para não depender de apenas um tipo de papel também constitui uma importante dica, assim como escolher empresas e setores que estão em crescimento.