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Estado de Minas

Inflação dos serviços sacrifica a classe média


postado em 24/02/2014 06:00 / atualizado em 24/02/2014 08:14

Educação da filha, Maria Eduarda, pesa no orçamento de Adriana (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press )
Educação da filha, Maria Eduarda, pesa no orçamento de Adriana (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press )
Impostos, contas de energia e água, mensalidades escolares, plano de saúde e seguros reajustados acima da inflação oficial medida pelo governo preocupam as famílias de classe média. É difícil entender tamanha distorção entre a variação do custo de vida em torno de 6% medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando os itens que mais pesam no orçamento familiar encarecem de 20% a 30% a cada virada de ano. Maioria da população brasileira, a classe média se expandiu e isso pode ter sido uma das causas da inflação acima da média oficial nos últimos anos.

 

Na avaliação do subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros, o aumento do universo de pessoas com capacidade de gastar mais criou uma demanda maior por produtos e serviços. E quando há mais procura, sem que haja aumento na oferta, a tendência é de aumento de preços. "O sucesso da classe média, que cresce de forma acelerada, criou um boom na procura por serviços, como educação, saúde, e o ajuste para atender essa demanda tem sido muito mais lento", explica.

 

O governo entende como classe média o grupo de cidadãos com renda per capita acima de R$ 1,5 mil. "É uma parcela de mais de 50% da população, que já tem condições de dar uma educação melhor para os filhos e cuidar melhor da saúde. Mas a visão de que é apenas um bando de ávidos consumidores é muito míope. Queremos que sejam poupadores e investidores também", ressalta.

 

Antes de poupar ou investir, porém, a classe média precisa pagar as contas dos serviços que começou a utilizar. Um desafio cada vez mais difícil. A mensalidade do colégio e o material escolar da filha, Maria Eduarda, pesaram nas despesas da família da engenheira Adriana Rodrigues. “Foram mais de R$ 600 gastos em material, incluindo livros e cadernos. No ano passado gastei metade desse valor”, afirma.

 

Os preços inflados do material vieram junto com a mudança de fase na escola da filha, que passou da educação infantil para o ensino fundamental. O reajuste de 13% na mensalidade ficou 7,07 pontos percentuais acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5,93%, causando impacto muito maior na economia da família.

 

Para o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Emerson Marçal quanto maior a capacidade de gastos de uma família, mais ela vai consumir serviços. E a inflação desse item é a maior há quatro anos. Em 2011, passou de 9%. Desde então, tem ficado sempre acima dos 8%. No último IPCA-15, da primeira quinzena de fevereiro, a inflação de serviços ficou em 8,94%. "Alguns serviços dão essa sensação de desconforto porque são itens inelásticos, ou seja, por mais que a escola encareça, o pai de família não vai retirar os filhos dela. Por mais que o plano de saúde seja reajustado, ele também não vai cortar o serviço, como trocaria um produto mais caro por outro mais barato na prateleira do supermercado", explica.

 


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