Brasília – As ações da Petrobras, ao lado dos papéis da Vale, estiveram entre as principais responsáveis pela queda do principal índice de Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa recuou 1,43%, fechando em 46.715 pontos, num pregão que teve movimento financeiro de R$ 5,3 bilhões. O mercado acelerou as perdas da petroleira durante a tarde, mesmo antes de a estatal divulgar o balanço do último trimestre de 2013, que apontou queda de 18,9% no lucro em relação aos três meses imediatamente anteriores.
As ações preferenciais da estatal caíram 2,55%, cotadas a R$ 14,13, enquanto as ordinárias tiveram perda de 2,79% e terminaram o dia em R$ 13,26. No caso da Vale, cujos papéis amargaram um tombo de 3,65%, o mau humor foi provocado pelas preocupações com o setor imobiliário da China, principal mercado do minério de ferro produzido pela empresa. O desempenho negativo das duas companhias com maior movimentação na bolsa interrompeu uma série de quatro altas consecutivas do Ibovespa.
O mercado ficou apreensivo com informações conflitantes da petroleira. Se, por um lado, a estatal anunciou dados positivos sobre a exploração do pré-sal, por outro, reforçou a indicação de que o país precisará comprar mais petróleo no exterior. “O Brasil extrai um óleo difícil de processar, então precisa importar para refinar gasolina”, explicou o economista Jason Vieira, do portal de informações financeiras Moneyou. “Como as ações da empresa tiveram uma alta de 2,47% no pregão da segunda-feira, muitos investidores preferiram realizar o ganho, vendendo hoje (ontem)”, avaliou Vieira.
O desempenho da Vale teve ainda a influência das expectativas negativas sobre o balanço do quarto trimestre de 2013, que será divulgado hoje. Para Lenon Borges, analista da Ativa Corretora, apesar de a as exportações de minério de ferro terem sido 16,6% maiores que os de igual período de 2012, o resultado contábil deverá ser negativo, devido à adesão da mineradora ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas tributárias. “Estimamos prejuízo de R$ 13,5 bilhões”, disse.
Produção recorde no pré-sal
A produção de petróleo da Petrobras no pré-sal das bacias de Santos e Campos atingiu um recorde de 407 mil barris por dia (bpd) em 20 de fevereiro, informou ontem a empresa. A marca está associada ao início da produção do poço 9-SPS-77 no campo de Sapinhoá, na Bacia da Santos, na semana passada. Segundo a Petrobras, o poço atingiu produção inicial de 36 mil barris de petróleo/dia. Inicialmente, a empresa havia informado uma produção de 33 mil barris/dia no poço, o que já dava a ele a condição de maior poço produtor do pré-sal brasileiro.
“A marca de 407 mil barris/dia foi obtida com a contribuição de somente 21 poços produtores. Isso evidencia a elevada produtividade dos campos já descobertos na camada pré-sal”, destacou a Petrobras em comunicado divulgado ontem. Destes, 10 poços estão na Bacia de Santos e respondem por 59% da produção do pré-sal, com 240 mil barris/dia. Outros 11 poços estão na Bacia de Campos, com 41% da produção, ou 167 mil barris/dia.
De acordo com a empresa, este ano três novas começam a produzir no pré-sal. No primeiro trimestre começa a operar, no campo Norte Parque das Baleias, a P-58 e no terceiro e quarto trimestre, respectivamente, entram em produção a plataforma FPSO Cidade de Ilhabela, em Sapinhoá, e a FPSO Cidade de Mangaratiba, no campo de Lula, na área Iracema Sul. Com essas unidades e outras oito que começam a produzir na região entre 2015 e 2016, a Petobras quer superar a marca de 1 milhão de barris de petróleo/dia nas áreas do pré-sal em 2017.
Tempo A empresa comemorou o fato de atingir a produção atual oito anos depois da primeira descoberta de petróleo na camada do pré-sal. Esse tempo é inferior ao registrado em outras áreas de produção marítima no mundo. “Na porção americana do Golfo do México, por exemplo, foram necessários 19 anos, depois da primeira descoberta, para se alcançar a produção de 400 mil barris de petróleo por dia. Na Bacia de Campos, foram 16 anos. E no Mar do Norte, nove” observa a empresa no comunicado.
Além do recorde de produção no pré-sal, a empresa destacou que, nos últimos 5 anos, foram investidos R$ 76,4 bilhões na Bacia de Campos – que responde por 75% da produção total da Petrobras no Brasil. Parte do dinheiro foi destinado ao Programa de Aumento da Eficiência Operacional (Proef) das duas unidades operacionais que atuam na Bacia de Campos. Apenas com ganho de eficiência nas duas unidades, a empresa ampliou sua produção em 63 mil barris/dia no ano passado. O nível de eficiência da unidade da Bacia de Campos chegou a 75%, enquanto a da unidade Rio de Janeiro opera com 92% de eficiência. No Plano de Negócios e Gestão 2012-2016, a Petrobras prevê investir mais US$ 6,3 bilhões (cerca de R$ 14,7 bilhões) no Proef.