Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nessa quarta-feira a taxa de juros básicos da economia (Selic) de 10,5% para 10,75% ao ano. Essa é mais uma tentativa do governo de conter a inflação. O mercado espera que, com a nova alta, a autoridade monetária esteja encerrando o ciclo de aperto nos juros iniciado a partir de abril do ano passado, quando a Selic saiu de 7,25%, o patamar mais baixo da história, para 7,50%, e em seguida subiu meio ponto percentual a cada uma das seis reuniões seguintes, além dos 0,25 ponto percentual (p.p.) de ontem, alcançando oito aumentos seguidos. A expectativa agora é de desaceleração no avanço dos juros até o fim do ano com vistas ao crescimento da economia . Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2013.
A elevação da Selic foi necessária porque a inflação está próxima de teto da meta, de 6,5% , e resiste a cair. Há 4 semanas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, estava na casa dos 5,99%. Na semana passada, subiu para 6,05% e nesta semana chegou a 6,11%, conforme projeções de mercado. “O governo começou a aumentar a taxa de juros a partir do ano passado, quando ela estava em 7,25% ao ano, na tentativa de conter o avanço dos preços, mas a inflação não respondeu aos aumentos dos juros implementados pelo BC”, observa Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor. Segundo ele, isso ocorre porque a carestia tem origem nos custos das empresas, que aumentam em decorrência de problemas de infraestrutura e da alta carga tributária que pesa sobre os brasileiros.
A se levar em conta o início do aperto monetário, que recomeçou em abril do ano passado, quando a Selic saiu de 7,25% ao ano para 7,50% ao ano, a alta dos juros implementada ontem vai subir os juros anuais cobrados pelo comércio de 60,47% ao ano para 67,07% ao ano, numa alta de 10,92%. No cartão de crédito, a variação foi de 0,33% e no cheque especial, 5,73% (veja quadro). Já o custo dos empréstimos pessoais tomados em bancos subiu 14,65% entre março de 2013 e fevereiro. Nas financeiras, a alta foi de 5,76% no período. Por outro lado, quando a comparação é feita com os 10,50% que estavam sendo praticados até ontem, a variação foi pequena. Os cálculos são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade. (Anefac).
De acordo com Bruno Falci, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o aumento dos juros é prejudicial ao comércio, pois encarece o crédito para o consumo, levando os consumidores a adotarem uma postura mais parcimoniosa na contração de empréstimos e financiamentos ou na realização de compras a longo prazo. “Além disso, o aumento dos juros leva o consumidor a priorizar pagamentos de primeira necessidade em detrimento de outros, o que pode impactar na inadimplência”, diz.
CRÍTICAS DA INDÚSTRIA
A nova alta nos juros fez com que o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, voltasse a criticar o Banco Central. De acordo com ele, o motivo central das elevações na Selic é o IPCA. “É evidente que o aumento sucessivo dos juros básicos ainda vai continuar pressionando a inflação para baixo nos próximos meses, tornando desnecessário mais este aumento”, criticou. Lincoln Fernandes Gonçalves, presidente do Conselho de Política Industrial e Econômica da entidade, é mais incisivo. “Essa alta é ruim, é péssima para setor produtivo e inibidor de investimentos. Além disso, não tem mais efeito sobre a inflação e, por isso, não se justifica mais”.
Para o economista e consultor Felipe Queiroz, a partir de agora a tendência é que o governo passe a controlar a inflação por outros meios, entre os quais o aumento da meta do superávit primário, que saiu de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,9%. Além disso, segundo ele, as medidas de elevação da Selic adotadas a partir do ano passado pelo BC só fazem efeito entre seis e oito meses depois de implementadas. “O governo vai fazer tudo para estimular o crescimento em 2014 porque este é um ano eleitoral”. De acordo com ele, a ideia é aproveitar a base de comparação, que é baixa, crescendo a partir de um efeito mais estatístico do que econômico propriamente dito.
Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, explica que o receio do governo quanto ao aumento das taxas de juros foi substituído pelo medo da inflação. “Antes era uma questão de honra não subir a taxa de juros. Agora o governo inverte isso e sobe os juros e tende a ganhar mais credibilidade no mercado”, observa.
A elevação da Selic foi necessária porque a inflação está próxima de teto da meta, de 6,5% , e resiste a cair. Há 4 semanas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, estava na casa dos 5,99%. Na semana passada, subiu para 6,05% e nesta semana chegou a 6,11%, conforme projeções de mercado. “O governo começou a aumentar a taxa de juros a partir do ano passado, quando ela estava em 7,25% ao ano, na tentativa de conter o avanço dos preços, mas a inflação não respondeu aos aumentos dos juros implementados pelo BC”, observa Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor. Segundo ele, isso ocorre porque a carestia tem origem nos custos das empresas, que aumentam em decorrência de problemas de infraestrutura e da alta carga tributária que pesa sobre os brasileiros.
A se levar em conta o início do aperto monetário, que recomeçou em abril do ano passado, quando a Selic saiu de 7,25% ao ano para 7,50% ao ano, a alta dos juros implementada ontem vai subir os juros anuais cobrados pelo comércio de 60,47% ao ano para 67,07% ao ano, numa alta de 10,92%. No cartão de crédito, a variação foi de 0,33% e no cheque especial, 5,73% (veja quadro). Já o custo dos empréstimos pessoais tomados em bancos subiu 14,65% entre março de 2013 e fevereiro. Nas financeiras, a alta foi de 5,76% no período. Por outro lado, quando a comparação é feita com os 10,50% que estavam sendo praticados até ontem, a variação foi pequena. Os cálculos são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade. (Anefac).
De acordo com Bruno Falci, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o aumento dos juros é prejudicial ao comércio, pois encarece o crédito para o consumo, levando os consumidores a adotarem uma postura mais parcimoniosa na contração de empréstimos e financiamentos ou na realização de compras a longo prazo. “Além disso, o aumento dos juros leva o consumidor a priorizar pagamentos de primeira necessidade em detrimento de outros, o que pode impactar na inadimplência”, diz.
CRÍTICAS DA INDÚSTRIA
A nova alta nos juros fez com que o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, voltasse a criticar o Banco Central. De acordo com ele, o motivo central das elevações na Selic é o IPCA. “É evidente que o aumento sucessivo dos juros básicos ainda vai continuar pressionando a inflação para baixo nos próximos meses, tornando desnecessário mais este aumento”, criticou. Lincoln Fernandes Gonçalves, presidente do Conselho de Política Industrial e Econômica da entidade, é mais incisivo. “Essa alta é ruim, é péssima para setor produtivo e inibidor de investimentos. Além disso, não tem mais efeito sobre a inflação e, por isso, não se justifica mais”.
Para o economista e consultor Felipe Queiroz, a partir de agora a tendência é que o governo passe a controlar a inflação por outros meios, entre os quais o aumento da meta do superávit primário, que saiu de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,9%. Além disso, segundo ele, as medidas de elevação da Selic adotadas a partir do ano passado pelo BC só fazem efeito entre seis e oito meses depois de implementadas. “O governo vai fazer tudo para estimular o crescimento em 2014 porque este é um ano eleitoral”. De acordo com ele, a ideia é aproveitar a base de comparação, que é baixa, crescendo a partir de um efeito mais estatístico do que econômico propriamente dito.
Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, explica que o receio do governo quanto ao aumento das taxas de juros foi substituído pelo medo da inflação. “Antes era uma questão de honra não subir a taxa de juros. Agora o governo inverte isso e sobe os juros e tende a ganhar mais credibilidade no mercado”, observa.