Brasília – Com o receio de anunciar, em pleno ano eleitoral, medidas que possam ser associadas a um impopular racionamento de energia elétrica, o governo vai esperar até maio para reagir à crise da oferta. Após duas reuniões no Palácio do Alvorada com autoridades, na semana passada e ontem, a presidente Dilma Rousseff decidiu apostar todas as suas fichas no cenário mais otimista para as chuvas nos meses de março e abril, projetado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Isso tudo apesar das primeiras semanas do período chuvoso ainda não terem resultado em melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas.
A avaliação de Dilma é que, se São Pedro cooperar, o risco de cortes no abastecimento estaria praticamente afastado, dando mais tempo para se equacionar a disparada do custo da eletricidade, afetado pelo acionamento de usinas térmicas, de geração bem mais cara. A conta já chega a R$ 2,5 bilhões mensais. Nesse meio tempo, a ordem é unificar o discurso de normalidade, para evitar qualquer sinalização de ameaça no fornecimento, mesmo um simples pedido à população para conter o consumo para aliviar o sistema. Também continuam os esforços dos últimos dias no sentido de agilizar o acréscimo de mais energia e encurtar interrupções na atividade de usinas.
Foi dentro desse apertado espaço de manobra que o Ministério das Minas e Energia (MME) autorizou esta semana a operação da termelétrica a gás Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que deve permanecer ligada por dois meses. A usina vai gerar em caráter excepcional 250 megawatts (MW) nos meses de março e abril, a exemplo do ocorrido em fevereiro e março de 2013. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) havia recomendado o emprego dessa unidade em casos extremos. O ONS admite risco de faltar energia em 5,7%, acima dos 5% perseguidos pelo governo.