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Estado de Minas

Municípios enxergam fórmula atraente de crescimento com a presença de universidades


postado em 09/03/2014 06:00 / atualizado em 09/03/2014 07:25

Marta Vieira e Marinella Castro
Enviadas especiais


Ouro Preto, Viçosa, Lavras e São João del-Rei – A corrida dos municípios atrás dos empregos mais qualificados de nível superior e dos investimentos que buscam a parceria das universidades e dos seus centros de pesquisa reserva dias de celebridade aos reitores das instituições de ensino mais prestigiadas de Minas. Três Marias, na Região Central do estado, estendeu faixas de boas-vindas pelas ruas e reuniu representantes da comunidade para receber o reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Marcone Jamilson Freitas Souza, com o pedido de instalação de um câmpus local.


A nutricionista Ticiana Vazzoler retorna a Ouro Preto para mestrado e se espanta com os preços (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
A nutricionista Ticiana Vazzoler retorna a Ouro Preto para mestrado e se espanta com os preços (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
A recepção foi surpreendente, conta o reitor, como outros encontros com o mesmo objetivo na vizinha Cachoeira do Campo; em Ipatinga, no Vale do Aço; São Gonçalo do Rio Abaixo, também localizada na Região Central de Minas; e Caldas, no Sul. “É incrível a mobilização que se faz por um câmpus. As reuniões se transformam em verdadeiras audiências públicas”, compara. Na tradicional e octogenária Universidade Federal de Viçosa (UFV), a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares não tem como atender todas as propostas para criar braços da instituição. As mais recentes envolvem municípios do Norte de Minas e da Zona da Mata, entre eles Ponte Nova, Ubá, Araponga, Canaã e Paula Cândido.


“Os prefeitos percebem que ao dar oportunidade de capacitação aos moradores a tendência será de crescimento. Educar continua sendo o melhor caminho para o desenvolvimento, e agora, a interiorização dele”, afirma Nilda Soares. A reitora da Universidade Federal de São João del-Rei, Valéria Heloísa Kemp, conta que nos últimos anos a universidade abriu campi em cidades como Divinópolis, Ouro Branco/Congonhas e Sete Lagoas, contratando mão de obra, sendo que grande parte do quadro de doutores e pós-doutores vem de outras cidades.


Da mesma forma que os braços das universidades se estendem, também atraem alunos dispostos a ir atrás dessas instituições, se preciso percorrendo longas distâncias. A nutricionista capixaba Ticiana Vazzoler Ambrosin, de 27 anos, formou-se na Ufop, a cerca de 400 quilômetros de casa, em Venda Nova do Imigrante, no litoral do Espírito Santo, e decidiu retornar em 2012 para fazer o mestrado. O doutorado está por ser decidido entre a cidade histórica e BH.


As transformações que Ticiana viu entre a formatura, dois anos antes, e o seu regresso impressionaram, principalmente os custos com moradia. “Durante quatro anos e meio morei em uma quitinete de 16 metros quadrados, alugada por R$ 350, e hoje o mesmo imóvel está disponível por R$ 700”, afirma. Estudioso da educação há mais de 20 anos, o pesquisador Jorge Abrahão, diretor da Secretaria de Planejamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, afirma que há um anseio muito forte por educação em todas as classes sociais e no país, como mola propulsora do crescimento e da queda da desigualdade. Estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que a educação recebe cerca de 5% do Produto Interno Bruto ( PIB), que no ano passado foi de R$ 4,84 trilhões. Impacto substancial, a cada R$ 1 gasto pelo governo em educação pública a renda das famílias aumenta R$ 1,67 e o PIB cresce R$ 1,85.


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