Viçosa e Lavras – Crescimento econômico, impulsionado principalmente pelo mercado imobiliário e o setor de serviços, e desafios urbanos se misturam nas cidades universitárias, com o maior acesso ao ensino superior. Em Viçosa, engarrafamentos diários antes do almoço e no fim da tarde tomam as avenidas PH Rolfs e Castelo Branco, principais vias do centro da cidade e de acesso ao campus da Universidade Federal de Viçosa. É o sinal dos novos tempos nas salas de aula, que passaram a abrigar números impressionantes, dignos de uma empresa. A instituição tem de aplicar R$ 120 milhões por ano em custeio e capital para edificações e desembolsa R$ 400 milhões anuais com a folha de pagamento de 1,2 mil professores, 2.500 servidores e técnicos administrativos do quadro próprio e 1 mil terceirizados, mais os aposentados e pensionistas.
Área mais valorizada de Viçosa, o centro expõe os preços turbinados dos imóveis para aluguel e venda. Quem procura um apartamento de dois quartos, com sala, cozinha e garagem, encontra dificuldade com a baixa oferta e ainda tem de pagar de R$ 850 a R$ 1.100 pelo aluguel, pouco menos que a média do valor de um imóvel semelhante num bairro de poder aquisitivo alto em Belo Horizonte (R$ 1.153,72, em janeiro).
Há 28 anos atuando no ramo imobiliário, dos quais 17 em Viçosa, Maria Auxiliadora Beranger Henriques, sócia da VHD Imóveis, acompanhou o boom que o setor viveu associado à expansão das universidades. O aquecimento se manteve entre 2011 e o ano passado. “De uma época marcada pela oferta de muitos imóveis para repúblicas estudantis, passamos a atender alunos em busca de apartamentos de melhor padrão”, afirma.
Em São João del-Rei, Olga Silva observa a influência positiva das instituições de ensino superior na economia. Ela atua no ramo de alimentos, construção civil e hotelaria. O restaurante, que comportava 60 lugares, cresceu para 120 e hoje tem capacidade para 260 pessoas. O hotel de classe econômica chega a registrar 90% de ocupação e o mercado aquecido de aluguel e de venda de apartamentos com perfil universitário, para alunos e professores, foi o que atraiu a investidora para o segmento.
Preços altos A população de Mariana também se surpreendeu com a reviravolta no mercado de aluguéis. Apartamentos de dois quartos que há três anos eram alugados por R$ 700 são ofertados, agora, por R$ 1.300 nas proximidades do Centro, quase em frente do novo campus da Ufop. Lotes de 360 metros quadrados, no Bairro Dom Oscar, valem de R$ 380 mil a R$ 400 mil. A oferta não dá conta de atender ao aumento da demanda da comunidade estudantil, oportunidade que favoreceu a corretora Flávia Maria de Paula Gonçalves, gerente da Bonanza Imobiliária. “Moradores compram ou usam imóveis próprios para adaptá-los e alugar quartos”, afirma.
Em Lavras, a universidade federal (Ufla) tem 10,4 mil estudantes no ensino superior, sendo 80% de outras cidades e estados, o que corresponde a mais de 10% de sua população. O mesmo ocorre em São João del-Rei, no Campo das Vertentes. A universidade federal (UJSJ) tem 8 mil alunos na graduação e, para sustentar a demanda, multiplicaram-se as repúblicas, estimadas em 450, em 2013. Hotéis funcionam em alta capacidade e os preços galopam. Dimas Eustáquio de Souza, corretor de imóveis em uma das maiores imobiliárias de Lavras, observa que faltam apartamentos de três quartos em prédio com elevador e que o setor está aquecido, crescendo perto de 5% ao ano. Segundo ele, todo o conceito imobiliário é focado no estudante e a chegada de novos moradores nos últimos cinco anos fez o preço dos imóveis mais que dobrarem, seguindo tendência observada nas capitais.