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Estado de Minas

Ciclo de expansão das universidades deixa dúvidas em empresários do interior

Apesar do aumento das vagas, comerciantes são cautelosos e aguardam para investir


postado em 10/03/2014 06:00 / atualizado em 10/03/2014 07:38

Na expectativa de mais um ciclo de expansão das universidades, empresários do comércio e do setor de serviços têm dúvidas sobre as características que vão predominar no futuro próximo, agora influenciado pela alta do custo de vida no interior e a chegada dos estudantes beneficiados pelo sistema de cotas. Regulada pelo Decreto 7.824, de outubro de 2012, a Lei das cotas destina 50% das vagas em universidades e institutos federais a alunos que tenham frequentado todo o ensino médio em escolas públicas. Com metas graduais, em 2013, do total de vagas, 12,5% foram reservadas. A norma será aplicada até 2022, considerando, ainda, os critérios de renda familiar e raça dos estudantes.


À espera de sinais mais claros, há investimentos em banho-maria no interior de Minas Gerais. A UFV informou que aderiu ao sistema de cotas na proporção de 50% das vagas neste ano. Depois da expansão dos serviços de alimentação e hotelaria em Viçosa, para acompanhar o aumento das vagas oferecidas pela UFV com o programa Reuni, José Roberto Baltazar, dono do Restaurante Gerais, e o irmão Juliano, proprietário da boate Galpão e do Restaurante 4 Pilastras, preferem usar a cautela antes de voltar a investir. “Esperamos ver, agora, qual o perfil do estudante que vai se fixar em Viçosa”, diz José Roberto.

Experiência no ramo não vai faltar a Roberto Baltazar, ele mesmo um ex-aluno da UFV, formado há 21 anos em medicina veterinária, no tempo em que só havia um refeitório na universidade. Desde 2007 ele observa um crescimento ao redor de 30% da demanda no restaurante, em decorrência da expansão da universidade. A concorrência no setor também aumentou. Num trajeto de 3 quilômetros da Avenida PH Rolfs, a principal da área central de Viçosa, 13 restaurantes disputam o consumidor, dos quais cinco abertos nos últimos cinco anos.

A corretora Flávia Maria de Paula Gonçalves, de Mariana, observou aumento, no ano passado, da oferta de imóveis para aluguel a preços mais baixos, desde que o governo anunciou o sistema de cotas. Ainda assim é insuficiente o ingresso desses imóveis de menor custo no portfólio da Bonanza Imóveis. Os mais recentes cadastrados pela imobiliária foram locados de imediato. Apartamentos alugados pelos menores valores, na faixa de R$ 200, são encontrados a cerca de 7 quilômetros do Centro da cidade histórica.

A assistência das universidades federais aos estudantes deverá crescer este ano. A UFV tem 1,39 mil vagas em alojamentos e oferece mais de 400 bolsas, incluindo todas as modalidades, em valores de R$ 250 a R$ 300. Para 2014, só no câmpus de Viçosa, será necessário distribuir mais 700 bolsas, segundo a pró-reitora de assuntos comunitários, Sílvia do Carmo Castro. A estimativa é de que os recursos para concessão de bolsas e manutenção de restaurantes deverão somar R$ 5,3 milhões em 2014, uma bolada de R$ 3 milhões a mais na comparação com o ano passado.

“A educação federal ainda precisa crescer. Virão outros ciclos de expansão, talvez com ferramentas como o ensino à distância”, afirma Sílvia Castro. Somado todo o desembolso que a UFV terá de fazer neste ano para assistência estudantil, entre gastos com moradia, alimentação, saúde e lazer, a conta se aproxima de R$ 21,4 milhões, um aumento de 58,5% na comparação com as despesas no ano passado (R$ 13,5 milhões). A manutenção de quatro restaurantes nos três campi (Viçosa, Florestal e Rio Paranaíba) deverá somar R$ 10 mil. Os alunos da graduação pagam R$ 0,95 pelo café da manhã e R$ 1,90 pelo almoço e jantar. Os alunos da pós-graduação pagam R$ 2,25. (MV)


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