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Estado de Minas

Rede privada de ensino superior movimenta economia de cidades no interior

Cálculos da consultoria Hoper Educação apontam que, em 2012, a rede privada movimentou R$ 32 bi no país


postado em 11/03/2014 06:00 / atualizado em 11/03/2014 07:55

Ingrid de Oliveira não precisou sair de casa para estudar: alívio no bolso(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )
Ingrid de Oliveira não precisou sair de casa para estudar: alívio no bolso (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )

Ao se tornar um polo de educação superior além de deixar de exportar seus estudantes para a capital, perdendo gordas divisas, os municípios atraem uma nova população disposta a consumir produtos e serviços dinamizando novos e velhos setores da economia local. No Brasil, país com maior número de instituições particulares de ensino superior do mundo (são cerca de 5 milhões de estudantes na rede particular), o crescimento do interior surpreende e o mercado é disputado como uma nova fronteira pelo setor privado. Em Minas, onde quase 450 mil estudantes estão matriculados em cursos presenciais, 66% são alunos no interior.


Segundo cálculos da consultoria Hoper Educação, no ano passado a rede privada de ensino superior movimentou R$ 32 bilhões no país. A ascensão da classe C e o financiamento estudantil têm sido alavancas para empurrar o ensino particular e contribui para movimentar a economia das cidades universitárias, que são tema de série publicada pelo Estado de Minas desde domingo. No estado, das 317 instituições privadas listadas pelo Ministério da Educação, 270 estão no interior. Em 2000, eram apenas 99. “A capacidade de fornecer mão de obra qualificada torna as cidades mais competitivas aos olhos de grandes empresas que consideram a capacidade de atração de mão de obra na análise do local onde vão se instalar”, defende Américo Matiello, vice-presidente de ensino presencial da Kroton.


GASTO ALTO Manuelle Souza de Faria se mudou de Campo Belo para Lavras onde estuda odontologia em uma universidade privada. Ela desembolsa R$ 2,1 mil com a mensalidade e acredita que ao todo suas despesas aproximam-se de R$ 3,5 mil por mês. Mesmo considerando seu gasto mensal alto ela acredita que no interior o custo de vida é menor. “Se estudasse em uma grande cidade, como Belo Horizonte, gastaria mais.” Já Ingrid Rafaelle de Oliveira, que cursa a mesma faculdade, não precisou sair de casa. Ela considera importante ter a faculdade em sua cidade natal, o que contribui para aliviar o custo da qualificação. “Moro com minha família, não preciso pagar aluguel.”


Manuelle de Faria acredita que bancar faculdade em capital é mais caro (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )
Manuelle de Faria acredita que bancar faculdade em capital é mais caro (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )

Com valor de mercado próximo a R$ 11 bilhões, o grupo Kroton mantém 180 mil alunos no ensino presencial, sendo 40 mil em Minas Gerais. Segundo Matiello, no interior, onde a demanda reprimida é maior, o crescimento das operações é mais intenso que na capital, atingindo 25% ao ano. E o grande impulsionador é o credito. “Cerca de 60% dos 180 mil estudantes presenciais da Kroton utilizam o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).” O grupo está em franca expansão com construções em Divinópolis, Betim, Contagem, Ipatinga e Governador Valadares. O Grupo Estácio, que atende cerca de 340 mil estudantes, também tem planos de crescimento rumo ao interior. Segundo o diretor-geral da Estácio BH, Eduardo Penna, para este ano os projetos miram a Região Metropolitana da capital mineira, tendo como alvos Contagem e Betim, além do Triângulo Mineiro e do Norte do estado. “Queremos chegar, neste ano, a todas as regiões de Minas pelo menos com polos de ensino à distância”, afirma Penna.


Em Viçosa, a instituição privada de ensino superior Univiçosa transformou o Bairro Silvestre, que abriga o seu primeiro câmpus aberto na cidade, com um crescimento exponencial de alunos desde o início das atividades da escola em 2005. Saiu de um contingente de 300 estudantes para 3,5 mil neste ano, atendidos em 15 cursos. São 172 professores e 150 servidores técnicos, com uma massa de salários ao redor de R$ 600 mil por mês, informa o diretor-geral da Univiçosa, Evaldo Rodrigues.


Montes Claros, município-polo do Norte de Minas Gerais, com 380 mil habitantes, é outro exemplo do impulso às novas cidades universitárias. “A mão de obra local passa a ser mais qualificada, a renda melhora e é redistribuída na cidade”, observa Cristiano Marchi Gimenes, diretor administrativo das Faculdades Santo Agostinho, que constitui um dos principais grupos do ensino superior privado no município, com cerca de 6 mil alunos e 505 funcionários.


A demanda gerada pela população de estudantes estimula novos mercados, garante Jocelandia Jerônimo, a Jô. Há três anos, ela montou um pensionato em Montes Claros. “Nos últimos anos, surgiram vários outros estabelecimentos semelhantes na cidade. A concorrência é grande e a procura também", informa a microempresária, que cobra mensalidade de R$ 900, dando direito refeição completa e roupa lavada. Segundo informações do setor imobiliário, no início de cada semestre, os preços dos aluguéis na cidade têm subido até 20%, devido a chegada dos novos estudantes.


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