O cronômetro está correndo rápido. O Brasil tem um mês de torcida para que a estiagem dê lugar a um volume de chuvas capaz de fazer os reservatórios de suas principais usinas hidrelétricas recuperarem a energia armazenada sem necessidade de que o governo tome providências para garantir o abastecimento do insumo no país durante o período seco. O prazo para a decisão final sobre o que será feito para garantir esse abastecimento, caso a chuva não venha, termina em 1º de maio. Se até lá chover o suficiente para recuperar o nível dos reservatórios, o racionamento está descartado.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que, nos últimos sete dias, os reservatórios das principais hidrelétricas do Sudeste e do Centro Oeste, onde está concentrada 70% da capacidade de geração hídrica do país, pouco ou nada se recuperaram. “O volume subiu no máximo 0,8% nesse período e isso é muito pouco. Como a estiagem já vai voltar, segundo a metereologia, a recuperação não está acontecendo de forma sustentada”, diz Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage). As represas do Sudeste estão com patamar de 35,48% de armazenamento de água.
De acordo com Neiva, as chuvas que caíram no Centro-Oeste adiantaram pouco. “O volume foi bom para a agricultura, mas pouco para a recuperação dos reservatórios. Para que ela fosse suficiente, esse volume deveria subir 1% ao dia. Não estamos observando isso”, disse.
Royalties Apesar da falta de chuvas, o total de recursos que as empresas geradoras pagam aos estados e municípios brasileiros banhados pelos seus lagos subiu de R$ 254,6 milhões nos dois primeiros meses de 2013 para R$ 283,2 milhões em igual período de 2014. A variação é de 11%. A elevação no pagamento da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos reflete a entrada de 6.000 megawatts médios em 2013, provenientes da geração hidráulica, um volume 10% maior do que a energia nova gerada pelas hidrelétricas em 2012.