A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) vai levar, ao Congresso Nacional e às instâncias superiores do governo, questionamento sobre a legalidade do chamado modelo de hospedagem compartilhada.
A informação foi transmitida hoje, pelo vice-presidente da entidade, Nérleo Caus de Souza. De acordo com ele, “a Abih nacional se coloca de prontidão em relação ao crescimento do modelo de hospedagem compartilhada, que vem sendo popularizado no país”. A prática de alugar partes da casa para hóspedes, iniciada de maneira incipiente na Irlanda, com o sistema bed & breakfast (cama e café), tem crescido de forma exponencial em todo o mundo, acrescentou.
O empresário criticou a forma “irregular e informal” desse tipo de hospedagem, que "está tomando espaço da hotelaria propriamente dita, sem os cuidados fiscalizatórios, necessários para uma convivência natural; inclusive com a liberalidade dos impostos”.
Ele sustentou que a Abih nacional não aceita a expansão desse modelo, e questiona , como se consegue gerar unidades de hospedagem sem ter , de cumprir as exigências a que os hoteleiros tradicionais estão submetidos. “E o que é melhor, não pagando os impostos que nós, hoteleiros, pagamos”, destacou.
Nérleo de Souza informou que em Nova York, foram criadas leis municipais para impedir o crescimento desenfreado dessa modalidade que “pode parecer muito romântica, mas que, no fundo, agride frontalmente o posicionamento estabelecido da hotelaria brasileira”. Ele disse que, na cidade norte-americana, quem quiser, pode fazer hospedagem compartilhada, mas tem que obedecer a critérios de fiscalização e legalidade, “porque não é possível o hotel ter que arcar com toda a fiscalização e legalidade e você, na informalidade, ceder uma salinha para fazer uma receita a mais. É complicado”.
O sistema de aluguel de quartos e outros cômodos nas residências ganhou força, no Brasil, no ano passado, com a realização da Jornada Mundial da Juventude, quando jovens católicos de todo o mundo viajaram ao Rio de Janeiro para um encontro com o papa Francisco.
Nérleo de Souza assegurou que a Abih não é contra a ideia da hospedagem compartilhada, mas reforça o posicionamento contra a informalidade. “Não é possível”. A entidade quer que o assunto seja debatido de forma aberta e democrática, “mas colocando a nossa preocupação, desde que tenham as mesmas exigências que nós temos. Acho que isso tem que ter uma equivalência, uma mão dupla”, indicou.