Apesar de alguma divergência nos números, entidades ligadas ao setor apontam para o crescimento das contratações. Pesquisa da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), com base em dados oficiais do emprego como números do Caged, mais levantamento com seus afiliados, aponta que, em Minas Gerais, o setor vai ampliar em 15% a mão de obra contratada pelos meios de hospedagem (hotéis, pousadas e similares) e alimentação fora do lar (restaurantes, bares e similares) em função da Copa do Mundo. Nas contas da entidade serão mais 3,7 mil empregos no setor hoteleiro e 15,5 mil na área de alimentação.
O Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb) calcula que a hotelaria, especialmente empurrada pela abertura de novos estabelecimentos na cidade vai ampliar sua contratação em 5 mil vagas na Grande BH, sendo que boa parte deve permanecer no quadro das novas empresas. A alimentação fora de casa vai gerar no período, segundo cálculos do Sindhorb, 10 mil novos empregos.
“A dificuldade está no profissional de nível operacional como as camareiras e também no funcionário bilíngue. De modo geral, a mão de obra brasileira é monoglota”, aponta Alexandre Sampaio, presidente da FBHA. Para tentar driblar a barreira da língua e conseguir boa comunicação dos funcionários com os turistas, o Sindhorb, em parceria com a Secretaria de Trabalho e Emprego de Minas Gerais, está engrossando as iniciativas para acelerar o ritmo do inglês entre os funcionários do setor, já que qualificar a própria mão de obra tem sido a saída para muitos empresários. “Estamos com cursos gratuitos de inglês de manhã e à tarde, com material e lanche incluído e mesmo assim os interessados estão aquém do esperado”, aponta Paulo César Pedrosa, presidente do Sindhorb-MG.
Qualificação Segundo Pedrosa, os principais gargalos da mão de obra são observados para cargos como camareiras, recepção bilíngue, e no setor de manipulação de alimentos. “Belo Horizonte vai inaugurar nos próximos meses cerca de 10 novos hotéis, por isso boa parte da contratação temporária será efetivada.” O executivo aponta ainda a disputa que tomou conta do mercado. “Muitas vezes a empresa investe em treinamentos levando seus funcionários para serem qualificados em grandes centros e logo depois perde a mão de obra, em uma espécie de concorrência desleal”, alerta.
Cléber Firbita, gerente de recepção, trabalha há 15 anos no setor de hotelaria e está atento às exigências e oportunidades do seu segmento. Ele é um dos alunos que está frequentando o curso de idiomas no Sindhorb e já é capaz de manter uma conversação simples em inglês, cumprimentar os hóspedes e sugerir passeios. Ele calcula que nos últimos três anos os salários no setor, se considerados a inclusão de benefícios, cresceram 30%. “Quero incluir o inglês e um terceiro idioma no meu currículo. Com fluência em outras duas línguas, o salário pode melhorar quase 100%”, calcula. Segundo ele, sua intenção é se tornar mais qualificado dentro da empresa onde trabalha. Já Maria da Penha do Carmo, cuidadora de idosos, enxergou no curso oportunidade para aperfeiçoar o seu inglês. Com um olho no gato e outro no peixe, ela diz que se tiver uma oportunidade de emprego permanente, com garantias, pode mudar de profissão.
Demanda vai crescer
Com ocupação já garantida e expectativa de aumento na demanda, hotéis e restaurantes buscam garantir atendimento. Renato Carvalho, diretor regional de Vendas da Atlantica Hotels, ressalta que o hotel da rede Quality Pampulha que acaba de ser inaugurado já tem 70% de ocupação fechada para a Copa do Mundo. O grupo vai inaugurar também nas próximas semanas o Go Inn Del Rey, no Bairro Caiçara, região Noroeste. Os dois hotéis ainda têm 20% de suas vagas em aberto e a partir de maio deve iniciar contratações extras correspondentes a 10% do quadro de pessoal para a Copa do Mundo. “A maior dificuldade está na contratação de camareiras e pessoal de limpeza”, observa o executivo. Para garantir os quadros qualificados como os profissionais que falam múltiplos idomas a rede Atlantica Hotels adotou a estratégia de arcar com salários acima da média do mercado. “Investimos na formação e queremos reter nossos talentos”, observa Carvalho.
Com o apelo de oferecer ao turista o famoso churrasco brasileiro, a rede Porcão espera crescer sua demanda em até 100% durante os jogos do Mundial. O proprietário do restaurante Fernando Junior, explica que as contratações extras devem começar próximo à Copa, sendo principalmente serviços de garçons. “Tendo boa vontade, simpatia e brilho no olho, o garçom, mesmo sem muita experiência, consegue atender o turista.” Fernando está contando com um crescimento da oferta: “Muitos setores, como as escolas de idiomas, não vão funcionar durante a Copa. Esta é uma oportunidade para profissionais que querem garantir uma renda extra”.
Pronatec Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, nos últimos três anos houve grande formação de mão de obra, mas ainda assim existem dificuldades para conseguir contingente com a qualificação desejada. A FBHA realiza o 1º Encontro de Concierges e Recepcionistas – Preparativos finais para a Copa do Mundo na Grande BH, nesta sexta e sábado, no Minascentro, paralelamente ao Salão Mineiro de Turismo. (MC)