O Brasil está largando em uma corrida mundial para responder a metas internacionais, de larga escala, para produção de energia limpa. Na mesma linha estão países europeus, Estados Unidos e gigantes como a China, que também estão investindo em pesquisa e tecnologia para substituir o combustível fóssil usado na aviação pelo bioquerosene.
Nesta sexta, o governo mineiro assina memorando com 17 empresas ligadas ao setor de aviação, entre elas The Boeing Company, Boeing Brasil Serviços Técnicos Aeronáuticos, Consórcio AeroBrasil, e instituições que vão contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva do bioquerosene, combustível da aviação.
Cruzando um céu de brigadeiro estão boas oportunidades para o país, que já tem tecnologia para produção de energias como o biodiesel e o etanol. Se de certa forma o conhecimento prévio é um passo para desenvolver a cadeia produtiva do combustível, por outro lado, para decolar, o setor depende de investimentos no desenvolvimento de matérias-primas e tecnologia que transforme o insumo nacional no querosene limpo.
A aviação mundial deve demandar perto de 125 bilhões de litros de bioquerosene/ano até 2050. A meta foi traçada pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês), que pretende substituir 50% do combustível utilizado pela aviação mundial em energia limpa. “O Brasil tem potencial para substituir, em cinco anos, 10% do querosene fóssil pelo bioquerosene”, aponta Adilson Liebsch, diretor de biocombustíveis de aviação da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). Segundo o executivo, hoje a empresa Amyris Brasil, no interior de São Paulo, já dispõe de tecnologia para fabricação do bioquerosene a partir da cana-de-açúcar. Liebsch destaca ainda que, com crescimento entre 2% e 3% da produção da cana, o país tem condições de suprir a demanda inicial do setor, atingindo 700 milhões de litros do bioquerosene ao ano, no prazo de cinco anos.
EXPERIMENTAL
A utilização do combustível verde na aviação já acontece mundialmente em caráter experimental. Em dezembro do ano passado, a indústria de agroenergia mineira Fusermann, de Barbacena, na Região Central, beneficiou o óleo de pinhão manso. O produto foi enviado aos Estados Unidos e transformado em bioqueresone. Com ele, a companhia TAM realizou um voo experimental, utilizando um Airbus A320. O voo, que durou 45 minutos, faz parte do projeto da empresa para investir na cadeia produtiva, conforme declarou à época o então presidente da companhia aérea, Líbano Barroso. A Gol e Azul também realizaram voos experimentais com o bioquerosene, dois deles durante o Rio+20.
Na solenidade de hoje, o governo de Minas lança a plataforma do estado para fomentar a cadeia. A Plataforma Brasileira de Biocombustível para Aviação foi lançada nacionalmente na tentativa de estabelecer uma indústria de biocombustíveis sustentáveis no país. A busca pela energia limpa é mundial. Se a Plataforma for bem sucedida, o Brasil pode decolar com a demanda da aviação e ser o primeiro país a ter uma indústria sustentável de bicombustíveis para o setor.