O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirmou que o pacote de socorro do setor elétrico anunciado na quinta-feira, 13, passa para o ano que vem é uma questão inflacionária que poderia ser resolvida já em 2014 e abre caminho para a continuidade da trajetória de alta da taxa básica de juros. "A Selic vai responder às expectativas de inflação, que não são boas e não devem melhorar", disse. "O governo poderia ter antecipado esta pressão (inflacionária) extra, mas não o fez."
Para tentar reduzir o rombo das distribuidoras de energia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que haverá uma injeção adicional de R$ 12 bilhões no setor elétrico e que os consumidores pagarão parte da conta, mas que o repasse via aumento de tarifas será feito só a partir de 2015.
Segundo Perfeito, essa postergação dificulta o trabalho do Banco Central de ancorar as expectativas inflacionárias de longo prazo no Brasil. "A política monetária se tornou um remédio homeopático em um paciente muito doente", explicou.
O economista aposta em uma alta de 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê do Política Monetária (Copom), em abril, e talvez mais uma já no encontro seguinte.
Ele também disse que, apesar da divulgação nesta sexta-feira, 14, do resultado positivo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) - que avançou 1,26% em janeiro com relação a dezembro -, o mercado está reagindo muito mais ao anúncio feito pelo governo federal a respeito do setor elétrico. "A impressão que dá é que se deixou para depois de novo. A leitura do mercado é que o governo, para ganhar a eleição, está deixando tudo para depois", disse.