O resultado forte do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro não deverá ser repetido ao longo do ano, avalia a economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander. "É difícil ver nos próximos meses fatores que levem a atividade econômica a manter esse ritmo. Temos de olhar com cautela, pois o número de janeiro não é a tendência", avaliou.
De acordo com a economista, o bom resultado de janeiro é conjuntural e deriva de um resultado fraco da indústria em dezembro, que se recuperou no primeiro mês do ano, além do bom desempenho do varejo, incentivado por liquidações.
Considerando o resultado do IBC-Br de janeiro, que registrou alta de 1,26% sobre dezembro do ano passado, ainda que os meses de fevereiro e março mostrem estabilidade, o resultado do trimestre seria de 0,2% positivo. "É pouco acima de zero, se imaginarmos fevereiro e março com crescimento zerado, mas um número bom", calcula a economista.
"Mas é um dado só do primeiro trimestre. Não vemos muitos motores para atividade econômica ser positiva e manter esse ritmo", apontou, citando a política monetária contracionista, com um ciclo de 350 pontos de alta de taxa de juros, além de política fiscal "que não deverá ser expansionista" e crédito com movimento mais contido. "Fica difícil ver o PIB mensalmente crescendo mantendo esse ritmo de janeiro de 1,3% de variação." A economista não fechou a previsão de PIB do primeiro trimestre, mas aponta que a estimativa do banco é de que, no ano, o crescimento seja de 1,7%.