O déficit na balança de combustíveis do Brasil aumentará em 2014 na comparação com o ano passado, afirmou nesta segunda-feira, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard. "Estamos vendo que, ao não entrarem novas refinarias em 2014, por exemplo, o déficit de combustíveis persiste", comentou.
Magda explicou que, segundo cálculos da agência, o déficit da balança de gasolina deve ficar em US$ 2,5 bilhões ao final deste ano, superior ao saldo negativo de cerca de US$ 2 bilhões registrado em 2013. Para a balança de diesel a estimativa é de um aumento ainda maior no déficit, de US$ 9 bilhões em 2014 ante cerca de US$ 7,5 bilhões no ano passado.
Magda considerou no cenário projetado um aumento de aproximadamente 4% na demanda de derivados do petróleo, a manutenção do parque de refinarias brasileiro e a similaridade de preços com os observados no último ano. No entanto, a diretora não soube especificar qual o câmbio utilizado para o cálculo.
"O déficit persiste porque o País está crescendo e o mercado de derivados cresce mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, muito mais", resumiu. Em 2013, quando o PIB do País teve alta de 2,3%, a demanda por derivados do petróleo se expandiu exatamente o dobro, 4,6%. Magda falou a jornalistas após participação no Seminário Internacional de Biocombustíveis, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), em São Paulo.
Mistura de etanol
No mesmo seminário, o diretor de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles, explicou que o aumento do porcentual da mistura do etanol anidro na gasolina, dos atuais 25% para 27,5%, depende de questões técnicas. Segundo ele, a posição da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) foi enfaticamente contrária ao aumento, alegando que seria impossível elevar a adição de etanol a 27,5% sem comprometer o desempenho dos veículos. "Enquanto não tiver uma mudança sobre essa questão técnica não temos como propor um aumento na mistura", disse a jornalistas.
O aumento da mistura de biodiesel no diesel, de 5% para 7%, também foi contestado pela indústria automotiva, mas o processo para sua aplicação estaria mais avançado que o do etanol. "A indústria também é contrária ao B7 (diesel com a adição de 7% de biodiesel), mas não de forma tão enfática como no caso do etanol", afirmou Dornelles. Segundo ele, no caso do biodiesel, o setor automotivo propôs um ano de testes para a aplicação da medida.
Perguntado, Dornelles reiterou, que para o etanol, no entanto, não há previsão mais precisa do possível aumento do porcentual de mistura.