Mesmo tendo atrasado em quase um ano o início do programa de concessões em logística, a presidente Dilma Rousseff poderá colher alguns frutos de sua parceria com o setor privado antes do fim de seu mandato. Os investimentos que serão realizados nos aeroportos e rodovias concedidos em 2014 são de pelo menos R$ 3,2 bilhões, segundo mostram levantamentos realizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. Serão R$ 2 bilhões nas rodovias e R$ 1,2 bilhão nos aeroportos.
Mas, se consideradas as cifras que parte das concessionárias informou à reportagem, o total é bem superior. Chega a R$ 5,7 bilhões.
A diferença ocorre porque, para os aeroportos, só foram levantados os gastos programados até maio, uma vez que os investimentos são organizados conforme etapas de crescimento de demanda, e não por ano-calendário. No caso das rodovias, as diferenças entre as contas do governo e do setor privado não são muito grandes.
Assim, enquanto a Anac aponta investimentos de R$ 106 milhões no Aeroporto do Galeão em 2014, a concessionária informa que será R$ 1,85 bilhão. E, embora o consórcio liderado pela Odebrecht Transport e pela Changi Airports International, de Cingapura, só vá assumir a administração do aeroporto após a Copa, pretende tomar providências desde já.
Entre elas está a instalação de uma rede Wi-Fi de alta velocidade e de câmeras de segurança no estacionamento. A sinalização bilíngue será melhorada, assim como os banheiros e fraldários. E haverá investimentos infraestrutura de segurança em áreas como imigração e aduana.
Brasília
Em Brasília, a concessionária Inframerica pretende investir R$ 623 milhões este ano, em comparação aos R$ 252 levantados pela Anac. A prioridade, informa a concessionária Inframérica, é tudo o que precisa ficar pronto até a Copa. A previsão é inaugurar um terminal em abril.
A Invepar, que arrematou as concessões do Aeroporto de Guarulhos e da BR-040, informa que aportará R$ 1,3 bilhão nos dois empreendimentos, enquanto os dados do governo indicam R$ 900 milhões.
Rodovias
Nas rodovias, o atraso no início dos leilões fará com que os usuários vejam poucos resultados das concessões em 2014. Se a programação inicial tivesse sido cumprida, parte das prometidas obras de duplicação já seriam visíveis.
Mas, com a demora inicial, o ano de 2014 será dedicado a, basicamente, tapar buracos e fazer reparos emergenciais. “Há trechos da rodovia que estão destruídos, e vamos recuperá-los”, disse o presidente da concessionária BR-040, Tulio Abi-Saber.
“Infraestrutura não é uma coisa que você vira a chave e ela começa a acontecer”, disse o presidente da Rota do Oeste, responsável pela BR-163 em Mato Grosso, Paulo Meira Lins.
Só a partir do fim de setembro ou início de outubro é que os usuários começarão a usufruir de serviços inéditos nessas estradas, como socorro mecânico rápido, ambulâncias e monitoramento por câmeras. Elas são exigidas a partir do momento em que a concessionária assume totalmente a operação da via, o que está programado para daqui a seis meses. Em 2014, as concessionárias esperam concluir 10% das duplicações, porque sem isso não poderão cobrar pedágio.
BR-050
A MGO Rodovias, que arrematou a concessão da BR-050 em Goiás e Minas Gerais, foi a primeira a assinar o contrato com o governo e informa que recebeu a rodovia em 13 de janeiro.
A partir daí, já realizou obras para recuperar as vias e sinalizações, pintar pontes, limpar e desobstruir sarjetas, além de poda e capinagem nas margens.
A concessionária pretende investir aproximadamente R$ 250 milhões este ano na BR-050, mesma cifra estimada pela Rota do Oeste. Os números da ANTT são parecidos: R$ 216 milhões e R$ 311 milhões, respectivamente.