A indústria mineira e a brasileira ainda não vivem bons dias. Estudo divulgado nessa terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o indicador que mede o emprego industrial começou o ano no vermelho, mas com a chamada folha de pagamento real no azul. No confronto entre janeiro e o mesmo mês de 2013, o recuo foi de 1,4% no estado e de 2% no país. Este foi o oitavo resultado negativo, nessa base de comparação, em Minas. Para o Brasil, trata-se do 28º. Por outro lado, a folha de pagamento real cresceu 7,2% no estado, na comparação com janeiro do exercício anterior, e 3,7% no Brasil.
No confronto de janeiro para dezembro, o emprego ficou estável. Esse balanço, quando analisado em conjunto com a última pesquisa de produção divulgada pelo IBGE, na última semana, revela que o empresariado ainda não sentiu confiança para aumentar a quantidade de mão de obra. Isso porque o estudo sobre produção industrial revelou, no confronto entre o último mês de 2013 e o primeiro deste ano, crescimento de 2,9% no país.
A pesquisa divulgada ontem mostrou que o emprego industrial no estado fechou no vermelho em 15 dos 18 setores pesquisados. Em sentido oposto, apenas três setores apuraram queda na folha de pagamento real.
O pior desempenho no emprego, no confronto entre janeiro e dezembro, foi registrado pelas fabricantes de calçados e couro (- 6,6%). No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador ficou negativo em 5,6%. Por sua vez, a folha de pagamento do mesmo setor subiu 3,6% na comparação entre janeiro e igual mês de 2013. Os empreendimentos que atuam na fabricação de meios de transportes tiveram realidade semelhante: queda de 1,8% no emprego industrial, no confronto de janeiro contra janeiro, e aumento de 10,1% nos gastos com os salários, na mesma base de comparação.
“Quando comparamos com os dados do Caged (do Ministério do Trabalho e Emprego), a indústria, em janeiro de 2013, gerou 18.579 empregos em Minas. Em janeiro agora, foram 14.484 empregos. Ou seja, gerou empregos. Chama atenção que apenas três dos 18 setores pesquisados apresentaram taxas de crescimento. É uma indicação que está tendo uma dispersão forte. É uma estagnação no sentido de as empresas não realizarem novas contratações. Não há perspectiva de crescimento de produção. É um indicador forte para mostrar que empresário só contrata se há certeza de aumento de produção”, alertou o economista Guilherme Veloso Leão, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O técnico do IBGE em Minas, Antônio Braz, avalia que uma das causas do aumento da folha de pagamento real para a maioria dos setores foram os acordos coletivos. “Outra (provável justificativa) pode ser o fato de a redução (na quantidade de empregos) ocorrer com o trabalhador com a menor renda. É o retrato da dificuldade da indústria, que perdeu mercado em dois lugares: no Brasil e no exterior”, acrescentou o especialista.
O total de empregos formais na indústria recuou em 12 das 14 regiões pesquisadas. “O principal impacto negativo sobre a média global foi observado em São Paulo (- 3,1%), pressionado em grande parte pela redução no total do pessoal ocupado em 13 das 18 atividades, com destaque para as indústrias de máquinas e equipamentos (- 9,3%), produtos de metal (- 13,3%), produtos têxteis (- 10,9%), meios de transporte (- 3,1%), minerais não-metálicos (- 4,7%), papel e gráfica (-2,8%) e outros produtos da indústria de transformação (- 4,2%)”, informou o IBGE.